Superendividamento e sofrimento ético de trabalhadores bancários
DOI:
https://doi.org/10.46635/revise.v6ifluxocontinuo.1869Palavras-chave:
Superendividamento, Sofrimento Ético, Trabalhadores bancários, Psicodinâmica do TrabalhoResumo
Sofrimento ético é um mal-estar experimentado pelo trabalhador ao executar ordens que desaprova moralmente. Refere-se a comportamentos que causam danos a outrem quando o trabalhador cumpre com obrigações laborais das quais discorda sob o aspecto moral. Superendividamento define-se pela impossibilidade de um devedor de boa-fé pagar suas dívidas de consumo e relaciona-se, dentre outros, à contratação de crédito de forma irresponsável em instituições financeiras. O objetivo deste trabalho foi investigar a relação entre superendividamento e sofrimento ético no trabalho bancário por meio de revisão narrativa e exploratória de literatura. Foram objetos de análise: (a) pesquisas científicas desenvolvidas sob o referencial teórico da Psicodinâmica do Trabalho, contendo auto-relatos de vivências de sofrimento no trabalho bancário; e (b) textos diversos sobre a temática do superendividamento. Resultados apontam que, diante da pressão por resultados, trabalhadores se veem impelidos a praticar atos que consideram imorais: vender produtos desnecessários aos clientes, omitir informações visando à comercialização de produtos e praticar o que é conhecido por “venda casada”. Há evidências de que o superendividamento relaciona-se a certas práticas bancárias, podendo conduzir ao sofrimento ético de trabalhadores. As causas ligadas ao superendividamento da população brasileira e do sofrimento ético de bancários possuem raízes nos modos perversos de gestão do trabalho bancário. A temática do sofrimento ético ainda é pouco estudada no contexto da saúde mental no trabalho e o superendividamento vem causando cada vez mais impactos sociais. É necessário desenvolver mais pesquisas sobre ambas as temáticas em prol de uma melhoria na qualidade de vida da população.