A Saúde e a Prevenção estão nas escolas públicas de Itabuna?
DOI :
https://doi.org/10.46635/revise.v1i01-02.1632Mots-clés :
Educação em saúde, Processos educativosRésumé
A escola é considerada um espaço apropriado para discussão sobre saúde e prevenção. Por este motivo, diversos documentos, projetos e programas oficiais orientam para a inclusão do tema nas ações realizadas na escola. É na busca pela efetiva inserção dos temas sobre saúde e prevenção nas escolas que este trabalho tem como objetivo (i) conhecer como as escolas do município de Itabuna/BA planejam suas ações sobre esses temas e (ii) identificar quais são os motivos que influenciam sua prática. Este artigo descreve uma pesquisa realizada nas escolas da rede pública do município de Itabuna-Ba onde, após a realização de um curso ministrado pelo GAPA-ITABUNA, Organização Não Governamental que trabalha com prevenção às DST/AIDS e assistência a pessoas vivendo com HIV/AIDS, para professores, abordando a questão da sexualidade e saúde sexual e reprodutiva, buscou-se observar se esses professores haviam desenvolvido ações nas suas escolas referentes ao tema e se tinham conseguido inseri-lo nos PPP de suas escolas. A idéia da realização do curso surgiu de uma demanda crescente que justificou o projeto intitulado “Gravidez na adolescência: capacitando professores da rede pública para trabalhar sexualidade e afetividade no ambiente escolar”. Seu objetivo foi contribuir na prática pedagógica dos professores, levando-os a promoverem uma educação não sexista e possibilitando uma reflexão sobre sexualidade, vulnerabilidades e gravidez na adolescência. Participaram do curso um total de 150 professores de 39 escolas da zona urbana integrantes da DIREC-07. A pesquisa encontra-se dividida em duas etapas. A primeira se caracteriza por uma pesquisa documental sobre os Projetos Político-Pedagógicos (PPP) de 16 escolas participantes do curso que atenderam a critérios previamente estabelecidos. Essa etapa mostrou que o tema não estava inserido na escola. Esse resultado levou a uma segunda etapa, realizada por meio de entrevistas semi-estruturadas com os professores-cursistas, onde se procurou identificar os motivos da não inserção do tema nas ações da escola e a contribuição do curso para as suas práticas pedagógicas. Com relação a prática pedagógica, os professores apontaram para a aquisição de novos conhecimentos e vocabulários, a oportunidade de discutir a diversidade sexual e uma visão de que a saúde e a prevenção precisam estar na escola de forma sistemática. Os professores apontaram como problemas para trabalhar a saúde e a prevenção nas escolas a falta de preparação, segurança e a dificuldade para se lidar com esses temas, a falta de conhecimento de que estes temas devam ser trabalhados na escola, o medo de expor sua própria sexualidade, a carga horária elevada, o receio da reação dos pais e a formação inicial inadequada, pois os temas ligados à saúde e à prevenção são invisíveis para a academia. Conclui-se esse trabalho com a visão de que há um grande desafio para a elaboração de uma proposta que possa mudar a atuação dos professores, gestores e da coordenação pedagógica e espera-se que seus resultados possam fundamentar propostas futuras de intervenção nas escolas para o ensino de saúde e prevenção.