JUVENTUDES EMPREENDEDORAS DE SI MESMAS NO CURRÍCULO DO NOVO ENSINO MÉDIO

Diálogos a partir de teorizações foucaultianas e estudos da sociologia

Resumo

O Novo Ensino Médio (NEM) foi criado a partir da conversão da Medida Provisória n.º 746/2016 na Lei n.º 13.415/2017. Essa mudança na legislação educacional envolveu inúmeras disputas em torno de interesses mercadológicos, do direito à educação, das concepções acerca da categoria juventude e debates em torno de qual sujeito jovem o currículo para a última etapa da educação básica interessa produzir. Embasado teoricamente pelas reflexões da Sociologia da Juventude, pelos estudos pós-críticos de currículo e pelas teorizações foucaultianas, desenvolve-se, neste artigo, o argumento de que o currículo do NEM produz as juventudes empreendedoras de si mesmas. Foram tomados para análise os documentos “Exposição de Motivos n.º 00084/2016” e "Guia de Implementação do Novo Ensino Médio", além de desenvolvida uma revisão bibliográfica. Essa escolha metodológica produziu informações que nos permitem argumentar que o empreendedorismo de si produz jovens que se autorresponsabilizam perante seus desempenhos ao compreenderem que suas performances educacionais e no mercado de trabalho são produtos apenas dos investimentos que, ao longo dos anos, efetuaram, eles/as e suas famílias, sobre si mesmos/as. Diante disso, defendemos a revogação total da Lei n.º 13.415/2017 e a criação de políticas educacionais que fortaleçam a educação pública, gratuita e de qualidade.