VARIAÇÃO NOS PRONOMES POSSESSIVOS DE 1A PESSOA DO PLURAL

Resumo

No português brasileiro existem duas maneiras de representar a referência possessiva na primeira pessoa do plural, nosso(a)(s) e da gente. Objetivamos analisar a variação dessas formas possessivas na fala de universitários do Campus Itabaiana/UFS. Utilizamos a amostra Deslocamentos 2018/UFS-Itabaiana, composta por 80 entrevistas sociolinguísticas, estratificadas quanto ao sexo/gênero dos informantes, e coletadas com base no suporte teórico-metodológico da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008). Os resultados mostram que a variante canônica nosso(a)(s) é mais utilizada pelos universitários, com 93% das ocorrências (n = 443), enquanto a variante analítica da gente obteve o percentual de 7% (n = 34). Os resultados do teste de qui-quadrado mostram que há uma associação estatisticamente significativa entre as variáveis paralelismo formal, tamanho do grupo possuidor, inclusão do interlocutor, posição do possessivo, presença de determinante, tipo de determinante, tipo de sintagma e sexo/gênero do falante e o uso de nosso ou da gente para expressar posse, com favorecimento do pronome nosso em todos os contextos controlados. Embora o número de ocorrência de da gente tenha sido muito baixo na fala dos universitários, os resultados dão indícios de que a posição do possessivo e a definitude do sintagma nominal funcionam como barreiras linguísticas para o encaixamento de da gente no sistema de posse do português brasileiro, haja vista que o pronome inovador só ocorre em posição posterior ao substantivo e tente a ser mais utilizado com a presença de determinante no SN.