População preta em contexto pandêmico
das análises econômicas aos seus efeitos psicossociais
Resumo
Esta escrita é uma tentativa de diálogo com uma população que tem vivenciado
dias tristes e de suplícios. Estamos em maio de 2020 e a velocidade das informações nos
consome. Estamos nos primeiros 5 dias do quinto mês do ano e o Estado, a política
brasileira, alcançou sua meta de 600 mortes diárias. 600 histórias e interrupções. O ano
de 2020 vem sendo marcado, a nível mundial, por uma doença expressivamente
desconhecida e incontrolável até os dias atuais. A Covid-19 é uma doença respiratória
grave com origem viral, que possui extremo contágio e recentemente descoberta. Em
março do presente ano a Organização Mundial de Saúde (OMS) retrata o momento que
estamos vivendo como excepcional no setor e define como uma crise pandêmica.
A ciência brasileira, violentamente prejudicada por sua subvalorização,
sobretudo nos últimos anos, vem tentando atuar com o mínimo. Os dias estão difíceis e
a asfixia se faz cotidianamente presente. A produção vital, especificamente no Brasil,
tem sido enterrada. Lideranças comunitárias, cientistas, profissionais da saúde e artistas,
por exemplo, têm relatado ao país o esgotamento e cansaço emocional pela produção de
conhecimento e pela vida em si. O vírus torna-se mais suscetível ao atingir determinada
população em territórios, sob condições e hábitos específicos. Hoje nós sabemos que
algumas doenças são mais passíveis de ocorrer em determinados perfis e em específicos
segmentos populacionais. O racismo hoje é reconhecido como expressivo fator de
adoecimento para a população preta, em especial. Historicamente a população preta é
identificada como segmento ocupante dos piores índices sociais no país. Ou seja, nesse
contexto pandêmico, as populações mais vulneráveis estão sofrendo de modo
massacrante.