Estigmas que matam

Autores

  • Victor de Queiroz Dias

Resumo

Desde o momento em que os efeitos da pandemia do novo Coronavírus, a Coronavírus
Disease 2019 (COVID-19) chegaram, ao Brasil, cascatas de estigmas foram criados para
velar, defender e potencializar mitos. Quiçá, o mais nefasto estigma gerido e potencializado
seja o do “pobre” como detentor de força, resistência e imunidade ao vírus em questão, por
vivenciar, muita das vezes, em condições subumanas, as quais possibilitam que tal parcela da
sociedade experimente a exposição de uma série de doenças (ESREY et al., 1991),
convencionou-se que essas pessoas em situação de vulnerabilidade social estariam imunizadas
justamente pelo fato de serem expostas a muitas doenças e ter certa “resistência” a elas.
A repercussão de tal estigma nos mais variados contextos de comunicação1
e a defesa
desse por personagens importantes da sociedade como, por exemplo, o Presidente da
República2
ocasionou a reprodução dessa concepção nefasta pela própria população em
situação de vulnerabilidade. É evidente que, ao propagar tal crença, esses indivíduos criam,
displicentemente, a identidade força, a qual:
É um tipo de identidade que não integra socialmente os indivíduos e os mantém
separados, individualizados, dentro de sua coletividade. É uma tentativa de resistir ao
caminho de exploração, doença e morte imposto pela classe dirigente, cujo final é
representado pela penitenciária, hospital, manicômio ou cemitério (GÓIS, 2008, p. 61-62).

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Publicado

2022-06-01