COVID-19, quesito raça-cor e sofrimento do povo negro
não estamos todos no mesmo barco
Resumo
Este texto tem uma marca temporal e de dor que não podemos deixar de
anunciar – estamos escrevendo exatamente na semana em que vivemos os efeitos
drásticos do crescimento exponencial do número de casos de infecção pelo coronavírus
no Brasil, em que choramos mais de dez mil vidas perdidas e em que o descaso do
governo federal se torna mais e mais evidente.
Entre dores, espantos e perguntas nos deparamos com o convite da Regina
Marques para este dossiê, que veio acompanhado da seguinte fala: Carissimxs, tão bom
poder chamar a alguns assim. Somos tão poucos privilegiados no meio de tantos
desassistidos e afogados (...). Entendemos o chamado para a escrita como um chamado
à vida, à vida dos desassistidos e afogados. E não é para isso que a escrita de
intelectuais negros deve servir? Enquanto escrevemos, somos bombardeados pela mídia
com informações importantíssimas sobre autocuidado diante do vírus e com a ideia de
que a pandemia nos iguala a todos. É nessa encruzilhada entre o convite de Regina, as
informações sobre a pandemia e a certeza de que não estamos todos no mesmo barco,
isto é, de que a pandemia não nos torna iguais, que nos perguntamos acerca dos dados
sobre raça-cor nos números oficiais divulgados sobre a pandemia no país.