A análise arqueológica do discurso em Michel Foucault: por uma linguística do enunciado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v14i2.722

Palavras-chave:

Linguagem; Linguística do Enunciado; Arqueologia; Pesquisa; Ensino.

Resumo

Os estudos da linguagem no século XX e agora no atual século são marcados pela hegemonia de três correntes de pesquisa: o Estruturalismo; o Inatismo e o Interacionismo. No Estruturalismo, o usuário da língua é submetido a um código soberano, contra o qual ele não tem escolha a não ser cumprir as normas do uso correto. Desviar do padrão significa erro. No Inatismo, prevalece o logicismo. Na mente do usuário reside tudo de que ele precisa para ser bem sucedido em sua linguagem. Se o usuário pensa corretamente, também correta será sua expressão linguística. Se o uso não condiz com a lógica de base é sinal de que o usuário não pensa corretamente. No Interacionismo, a linguagem é fruto da interação entre usuários ideologicamente e contextualmente delimitados. Os usos da língua são compartilhados de acordo com o conhecimento do usuário do quadro semântico e pragmático que reside em cada contexto. Na contra hegemonia dessas correntes, este texto rechaça essas três correntes e constrói a sua crítica a partir das ideias de Michel Foucault. Nesse sentido, vai sendo delineado o rumo conceitual dado pelo filósofo francês, uma nova proposta, denominada aqui de linguística do enunciado, sob a forma de uma arqueologia da linguagem, para dar conta dos discursos que dão sentido aos acontecimentos. Ainda, este texto relaciona essa arqueologia a um novo modelo de ensino da língua na escola, dando a essa prática escolar um sentido diferente do que tem imperado em diversas escolas desse país.

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Biografia do Autor

Sérgio Gomes de Miranda, Universidade Federal de Goiás (UFG)

Doutorando pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiás – Brasil.

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Publicado

2016-12-18

Como Citar

MIRANDA, Sérgio Gomes de. A análise arqueológica do discurso em Michel Foucault: por uma linguística do enunciado. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 14, n. 2, p. 122–138, 2016. DOI: 10.31977/grirfi.v14i2.722. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/722. Acesso em: 4 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos