A distinção entre geração e aceitação de teorias científicas: um problema para a inferência da melhor explicação
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v23i3.3548Palavras-chave:
Inferência da Melhor Explicação; Abdução; Peter Lipton; Aceitação.Resumo
O argumento da abdução de Charles Peirce, ou raciocínio abdutivo, frequentemente foi identificado na literatura de Filosofia da Ciência com o argumento da inferência da melhor explicação (IBE) de Gilbert Harman. Essa identificação, embora muito comum, foi esclarecida como um equívoco, visto que enquanto a abdução descreve um processo gerativo de teorias, a IBE de Harman trata de um processo seletivo entre alternativas teóricas rivais. Todavia, Peter Lipton, buscando desenvolver IBE, apresentou uma estrutura muito similar à abdução peirciana com a finalidade de oferecer um modelo capaz de descrever tanto os momentos de geração, quanto de seleção de teorias. O objetivo deste artigo é o de mostrar que as duas diferentes concepções de IBE (a de Harman e de Lipton) implicam diferentes concepções sobre a própria noção de aceitação: enquanto Harman deixa a aceitação para uma etapa avaliatória final, Lipton coloca a aceitação no interior do processo de geração de uma produção científica.
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