Quando devemos silenciar outras pessoas: a dimensão positiva do silenciamento epistêmico
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v22i1.2619Palavras-chave:
Silenciamento; Injustiças Epistêmicas; Dignidade da Pessoa Humana; Phronesis.Resumo
Neste artigo, analisamos a dimensão positiva dos silenciamentos para as práticas epistêmicas. Uma vez que: (a) o silenciamento refere-se a um impedimento comunicativo; e (b) ao menos parte de nossa agência epistêmica depende desta capacidade para que nos expressemos e nos façamos entender, caberia concluir que (c) os silenciamentos, necessariamente, prejudicam as nossas interações epistêmicas. Contudo, Barrett Emerick (2019) nos lembra que, em certos casos, o silenciamento ajuda a preservar a integridade e dignidade daqueles que têm sua agência epistêmica violada. Baseados neste insight inicial, elencamos três premissas que culminaram na justificativa para silenciarmos outras pessoas: (1) silêncios epistêmicos decorrem de processos sócio-históricos e das relações de poder que os permeiam; (2) os limites das agências epistêmicas são estabelecidos por meio de normas e convenções sociais que afetam de diferentes maneiras as identidades; e, (3) a dignidade da pessoa humana deve ser o critério para estabelecer os limites entre o que deve ou não ser dito. Considerando que para agirmos da maneira correta não precisamos apenas de justificativas, mas também saber o momento adequado de agir, defendemos que a concepção aristotélica de virtude da sensatez (phronesis) fará com que saibamos quando devemos silenciar outras pessoas.
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