A dimensão afetiva da existência humana à luz da fenomenologia hermenêutica: o caráter revelador das emoções em Ser e Tempo
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v20i1.1449Palavras-chave:
Afetividade; Emoção; Humor; Fenomenologia; Heidegger.Resumo
É crescente e plural o interesse filosófico em relação à dimensão afetiva da vida e da experiência humana. Dentre estes interesses destacam-se os recentes e variados esforços em compreender a natureza das emoções, especialmente em sua relação com diversas questões filosóficas envolvendo a agência humana. Na linha destes esforços soma-se a proposta de Goldie (2007) que consiste em um duplo movimento de, por um lado, apresentar um amplo e variado conjunto de fenômenos que precisam ser apreciados por quaisquer teorias da emoção, e, por outro, identificar em que medida as teorias da emoção mais prestigiadas fazem justiça àquela riqueza e complexidade fenomênica. O resultado deste duplo movimento é o diagnóstico crítico de que as teorias da emoção até então mais prestigiadas, a não-cognitivista, a cognitivista e a perceptual são deficitárias desde o ponto de vista explicativo. Curiosamente, apesar de ter reservado uma posição e função decisivas para a afetividade em meio ao projeto de elaboração da ontologia fundamental, o nome de Martin Heidegger não consta nas atas de boa parte dos atuais debates das filosofias da emoção, inclusive no já mencionado diagnóstico crítico de Goldie. O objetivo central deste trabalho consiste em apresentar em linhas gerais a fenomenologia da afetividade conforme desdobrada por Heidegger ao final da década de vinte. Mais especificamente, procura-se mostrar de que maneira a dimensão afetiva em geral, e o humor e as emoções em particular, possuem um caráter de abertura eminentemente revelador, o que inclusive justifica, desde uma perspectiva meta-filosófica, a sua inclusão junto ao programa da ontologia fundamental.
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