Entre o lembrar e o esquecer: reflexões sobre a memória e o esquecimento a partir de Nietzsche e Bergson

Autores/as

  • Ludymylla Lucena Universidade Federal do Pará (UFPA); Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) https://orcid.org/0000-0002-3221-0972

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v22i1.2762

Palabras clave:

Memória; Esquecimento; Corpo.

Resumen

Esse trabalho tem como objetivo pôr em evidência o jogo contínuo e a relação paradoxal que se estabelece entre a memória e o esquecimento a partir das contribuições de Friedrich Nietzsche e Henri Bergson. Seguiremos a hipótese de que a origem da memória e da consciência em Nietzsche em muito se aproxima daquela feita por Bergson em Matéria e Memória. Tentarei expor como a memória em Bergson surge no intervalo entra a ação e a reação, no momento em que o homem hesita, organiza e seleciona o movimento novo. O mesmo movimento de hesitação acontece em Nietzsche, quando o homem abandona o reino “animalesco” do instante e passa a calcular e planejar os seus atos. Nesse interim em que o homem adquire a capacidade memorativa e se distancia dos animais instintivos, o esquecimento passa a ter uma importância vital, segundo Nietzsche, visto que um excesso de memória pode ressentir e entristecer o corpo. Já em Bergson, o mecanismo cerebral - um órgão de atenção à vida - também ocupa um lugar de destaque, a partir do momento em que afasta temporariamente a totalidade das lembranças (não úteis), e permite que apenas algumas delas se tornem conscientes (as úteis). Para tanto, observaremos que o que está por trás desse jogo infinito entre a memória e o esquecimento é a manutenção de um corpo saudável que não se perca nos excessos - de lembrar demais ou esquecer de tudo. Um corpo que saiba lembrar, mas também esquecer para conseguir viver.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Ludymylla Lucena, Universidade Federal do Pará (UFPA); Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA)

Doutorando(a) em Artes na Universidade Federal do Pará (UFPA), Belem – PA, Brasil. Professor(a) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), Belém – PA, Brasil.

Citas

ASSMANN, Aleida. Espaços da recordação: formas e transformações da memória cultural. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011.

BERGSON, H. Matéria e Memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. Trad. Paulo Neves. 4º Ed. São Paulo: Martins Fontes. 2010.

BORGES, Jorge Luís. Funes, o memorioso. In: Ficções. São Paulo: Globo, 1995.

DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos. Trad. de Eloísa Araújo Ribeiro. São Paulo: Escuta, 1998.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. v. 4. São Paulo: 34, 1997.

GAGNEBIN, Jeanne. Marie. Lembrar, escrever, esquecer. São Paulo: 34, 2006.

GUÉRON, R. Da imagem ao clichê, do clichê a imagem; Deleuze, cinema e pensamento. Rio de janeiro: NAU Editora. 2011.

NIETZSCHE, Friedrich. A genealogia da moral. Trad. Mário Ferreira dos Santos. Petrópolis: Vozes, 2013.

NIETZSCHE, Friedrich. Sobre a utilidade e a desvantagem da história para a vida. Trad. André Luís Mota Itaparica. São Paulo: Hedra, 2014.

NIETZSCHE, Friedrich. A gaia ciência. Trad. Inês A. Lohbauer. São Paulo: Martin Claret, 2016.

NIETZSCHE, Friedrich. O crepúsculo dos ídolos; ou, a filosofia a golpes de martelo. Trad. Edson Bini e Márcio Pugliesi. São Paulo: Hemus, 1976.

PELBART, Peter Pal. O tempo não-reconciliado. Perspectiva (coleção estudos; 160 / dirigida por J. Guinsburg). São Paulo. 2007.

SELIGMANN-SILVA, Márcio (org.). História, Memória, Literatura. O testemunho na era das catástrofes. Campinas, Editora da UNICAMP, 2003.

SULEIMAN, Susan. Crises da memória e a Segunda Guerra Mundial. Trad. Jacques Fux e Alcione Cunha da Silveira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2019.

TARKOVSKI, A. Esculpir o tempo. Trad. Jefferson Luiz Camargo. 2 ed – São Paulo: Martins Fontes. 1990.

Publicado

2022-02-27

Cómo citar

LUCENA, Ludymylla. Entre o lembrar e o esquecer: reflexões sobre a memória e o esquecimento a partir de Nietzsche e Bergson. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 22, n. 1, p. 85–94, 2022. DOI: 10.31977/grirfi.v22i1.2762. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/2762. Acesso em: 3 jul. 2024.

Número

Sección

artículos