É possível descolonizar o conteúdo dos materiais didáticos de língua inglesa?
ação na reflexão
Resumo
Propondo como pano de fundo um diálogo entres os conceitos Inglês como Língua Franca (ILF) e (de)colonialidade, esse texto tem como objetivo problematizar o chamado “mundo plástico do livro didático” de língua inglesa, fundado em uma reflexão que resulte em ação por parte dos professores de inglês no sentido de tentarem descolonizar o seu conteúdo a partir de diferentes intervenções. Inicialmente, o texto aborda as razões e consequências da expansão do inglês pelo mundo, focando no fato de como a língua se tornou um produto altamente rentável explorado por uma indústria bilionária transnacional, o Ensino de Língua Inglesa (ELI). Na sequência, sob lentes críticas e decoloniais, o poder dos materiais didáticos ELI produzidos no norte Global é confrontado, buscando-se demonstrar que professores, em especial não-nativos, devem se equipar no sentido de agir sobre os conteúdos desses livros, visando a conduzir diferentes mudanças que atendam às necessidades reais de seus alunos. Por fim, o texto traz algumas iniciativas voltadas para o empoderamento do docente de língua inglesa em diferentes níveis, apostando que essa tomada de consciência possa ter efeitos práticos não apenas no tratamento crítico sobre o livro didático inglês, mas em todas as fases do processo que envolve a pedagogia da língua franca do mundo contemporâneo
Downloads
Referências
ALVES, P. C. R.; SIQUEIRA, S. A perspectiva do inglês como língua franca como agente de decolonialidade no Ensino de Língua Inglesa. Revista A Cor das Letras, v. 21, n. 2, p. 181-203, 2020.
AKBARI, R. Transforming lives: introducing critical pedagogy into ELT classrooms. ELT Journal, Oxford University Press, Oxford, v. 62, n. 3, p. 276-283, 2008.
BARBER, C. The English language: A historical introduction. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1993.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria da Educação Básica, 2018.
BROWN, G. Cultural values: the interpretation of discourse. ELT Journal, v. 44, n. 1, p. 11-17, 1990.
BRUTT-GRIFFLER, J. World English: A study of its development. Bristol, UK: Multilingual Matters, 2002.
COGO, A. English as a lingua franca: Descriptions, Domains and Applications. In: BOWLES, H.; COGO, A. (Ed.). International perspectives on English as a lingua franca: pedagogical insights. New York: Palgrave Macmillan, 2015, p. 1-12.
COUTO, M. Pensageiro Frequente. Alfragide, Portugal: Editorial Caminho, 2010.
DENDRINOS, B. The EFL textbook and ideology. Athens, Greece: Grivas, 1992.
DUBOC, A. P. M. Teaching with an attitude: finding ways to the conundrum of a postmodern curriculum. Creative Education, v.4, n. 12B, p. 58-65, 2013.
DUBOC, A. P. M. Thinking ELT otherwise: Lessons from decoloniality. In: TAVARES, V. (Ed.). Social justice, decoloniality, and Southern epistemologies within language education – Theories, knowledges, and practices on TESOL from Brazil. London/New York: Routledge, p. 129-144, 2023.
GRAY, J; The global coursebook in English language teaching. In: BLOCK, D.; CAMERON, D. (Ed.). Globalization and Language Teaching. New York/London: Routledge, 2002, p. 151-167.
JENKINS, J. English as a lingua franca from the classroom to the classroom. ELT Journal, v. 66, n. 4, 2012, p. 486-494.
KIMURA, D.; TSAI, A. Decolonizing classroom discourse: insights from interactional research. ELT Journal, Oxford University Press, Oxford, v. 77, n. 3, p. 327-337, 2023.
KACHRU, B. B. Standards, codification and sociolinguistic realism: the English language in the outer circle. In: QUIRK, R.; WIDDOWSON, H. (Ed.). English in the world: Teaching and learning and literatures. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1985, p. 11-20.
KUMARAVADIVELU, B. A Linguística Aplicada na era da globalização. In L. P. da Moita Lopes (Ed.). Por uma Linguística Aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006, p. 129-148.
KUMARAVADIVELU, B. The decolonial option in English teaching: can the subaltern act? Tesol Quarterly, v. 50, n. 1, p. 66-85, 2016.
LITZENBERG, J. Intensive English programme ecology: decolonizing ‘within the cracks’. ELT Journal, v. 77, n. 3, p. 357-365, 2023.
LÓPEZ-GOPAR, M. E.; SUGHRUA, W. Decolonizing ELT methods through critical thematic units. ELT Journal, v. 77, n. 3, p. 305-315, 2023.
MALDONADO-TORRES, N. On the decoloniality of being – contributions to the development of a concept. In: MIGNOLO, W. D.; ESCOBAR, A. (Ed.). Globalization and the Decolonial Option. New York/London: Routledge, 2010, p. 94-124.
MATSUDA, A. Preparing future users of English as an international language. In BURNS, A. (Ed.). Teaching English from a global perspective. Washington, DC: TESOL, 2005, p. 63-72.
MENEZES DE SOUZA, L. M. T. Decolonial pedagogies, multilingualism and literacies. Multilingual Margins, v. 6, n. 1, p. 9-13, 2019.
MOTA-PEREIRA, F. Ensino de inglês em perspectiva decolonial. In: RIBEIRO, F. (Org.). Práticas de Ensino de Inglês. Vol. 2. São Carlos: Pedro & João Editores, p. 187-204, 2022a.
MOTA-PEREIRA, F. Materiais didáticos e currículo de ensino de inglês sob uma perspectiva decolonial: reflexões e propostas. In: MOTA-PEREIRA, F.; BAPTISTA, L. M. T. R. Ensino de espanhol e inglês em perspectivas decoloniais. Salvador: EDUFBA, p. 101-135, 2022b.
MOTA-PEREIRA, F. Decolonizando educação linguística de inglês com literatura de escritoras/es negras/os e indígenas. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 63, n. 1, p. 6-16, 2024.
MUFWENE, S. S. Globalization and the spread of English: what does it mean to be Anglophone? English Today, v. 26, n. 1, p. 57-59, 2010.
OSTLER, N. The last lingua franca. English until the return of Babel. New York: Walker & Company, 2010.
PENNYCOOK, A. English and the discourses of colonialism. London: Routledge, 1998.
PENNYCOOK, A. The social politics and the cultural politics of language classrooms. In: HALL, J. K.; EGGINTON, W. G. (Ed.). The sociopolitics of English language teaching. United Kingdom: Multilingual Matters Ltd., 2000, p. 89-103.
PENNYCOOK, A. English in the world/The world in English. In: BURNS, A.; COFFIN, C. (Ed.). Analysing English in a global context. Sydney: Routledge, 2001, p. 78-89.
PRODROMOU, L. English as cultural action. ELT Journal, Oxford University Press, Oxford, v. 42, n. 2, p. 73-83, 1988.
RAJAGOPALAN, K. The concept of ‘World English’ and its implications for ELT. ELT Journal, v. 58, n. 2, p. 111-117, 2004.
RICHARDS, J. C. The role of textbooks in a language program. New Routes 17. São Paulo, DISAL, 2002, p. 26-30.
SEIDLHOFER, B. Understanding English as a lingua franca. Hong Kong: Oxford University Press, 2011.
SIFAKIS, N. ELF Awareness in English Language Teaching: Principles and Processes. Applied Linguistics, v. 40, n. 2, p. 288-306, 2017.
SIQUEIRA, S. O papel do professor na desconstrução do “mundo plástico” do livro didático de LE. In: ASSIS-PETERSON, A. A. de.; BARROS, S. M. (Org.). Formação crítica de professores de línguas: desejos e possibilidades. São Carlos, SP: Pedro & João Editores, 2010, p. 225- 253.
SIQUEIRA, S. English as a lingua franca and ELT materials: is the “plastic world” really melting? In BAYYURT, Y.; AKCAN, S. (Ed.). Current perspectives on pedagogy for English as a lingua franca. Berlin: De Gruyter Mouton, 2015, p. 239-257.
SIQUEI RA, S. Inglês como língua franca não é zona neutra, é zona transcultural de poder: por uma descolonização de concepções, práticas e atitudes. Línguas & Letras, v. 19, n. 44, p. 93-113, 2018.
SIQUEIRA, S. O mundo plástico do livro didático de língua inglesa: uma desconstrução necessária. In: HASHIGUTI, T. S.; CADILHE, S. T.; SILVA, I. R. (Org.). Transculturalidade, Linguagem e Educação: diálogos e (re)começos. Campinas, SP: Pontes Editores, 2023, p. 159-190.
SOARS, J.; SOARS, L. American Headway 1. 1st Ed. Oxford: Oxford University Press, 1998.
SOUSA SANTOS, B. de. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos Estudos, v. 79, p. 71-94, 2007.
WALSH, C. E. On decolonial dangers, decolonial cracks, and decolonial pedagogies rising. In: MIGNOLO, W. D.; WALSH, C. E. (Ed.). On decoloniality : Concepts, analytics, praxis. Durham, NC: Duke University Press, 2018, p. 81-98.