A analítica do poder pastoral na genealogia das artes de governo em Foucault
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v18i2.969Palavras-chave:
Foucault; Poder pastoral; genealogia; governamentalidade; Estado.Resumo
No curso de 1978 Segurança, Território, População Foucault toma como objeto de análise o poder pastoral desenvolvido e ampliado pela Igreja Católica do século III ao século XVI. Como podemos situar esse estudo no percurso foucaultiano? Pensamos que a analítica do poder estendida ao âmbito pastoral serve à realização da genealogia da governamentalidade moderna, de modo que a arte de governar cristã é inserida no interior da história das práticas políticas racionalizadas. Procuramos demonstrar a tese do autor de que as técnicas empreendidas pela pastoral cristã produtoras de um poder ao mesmo tempo individualizante e totalizante se fazem presentes na governamentalidade política atual. Para isso, marcamos a especificidade do poder pastoral em relação à racionalidade política, o que confere sua exterioridade frente ao pensamento grego antigo e as artes de governo desde a modernidade. Assim, se evidencia a recusa de uma leitura laicizante do pastorado, pois as técnicas de governo pastoral ultrapassam o âmbito religioso em que estavam circunscritas, colocando a questão de como governar em diferentes campos sociais.
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