A intimidade do capital: o materialismo histórico revisitado na dialética do público-privado
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v13i1.682Palavras-chave:
Marxismo; Teoria Crítica; Capital; Gênero.Resumo
O trabalho procura revisitar o materialismo histórico, as considerações marxianas sobre a “intimidade burguesa” e, por consequência, suas conclusões sobre a incidência dos imperativos sistêmicos e da lógica do Capital na condução da vida cotidiana. O argumento central do trabalho é que a crítica marxiana à intimidade hipostasiada pela sociedade fundada pelo Capital não está reduzida aos elementos dados a priori por sua teoria econômica, mas sintetiza um percurso teórico impulsionado pela antropologia filosófica presente nos Manuscritos de 1844. Desse modo, o trabalho afirma que, sobretudo porque estabelece uma clara distinção entre natureza e cultura, Marx pôde divorciar-se da moralidade hegeliana e afirmar o caráter histórico, ideológico e contingente das relações familiares. Nesse sentido, será demonstrado que ao afirmar a primazia do individualismo possessivo da família burguesa, o autor identifica o “proprietário privado” e o “marido burguês” - no sentido de que a intimidade burguesa é configurada, antes de tudo, pelo sentimento de apropriação do outro. Por fim, discute-se o modo como essas relações assimétricas são trabalhadas n'O Capital, onde a esfera íntima aparece com uma dupla função: a alimentação material do sociometabolismo do capital (por um lado na reprodução de mão-de-obra e por outro na reprodução de consumidores) e a alimentação moral do sistema (que se dá por meio da reprodução do sistema axiológico que perpetua a lógica da mercadoria).
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