Merleau-Ponty, Foucault e a violência na URSS
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v8i2.573Palavras-chave:
Violência; União Soviética; Biopoder; Terror; Racismo.Resumo
Michel Foucault (1926-1984), no curso Em defesa da sociedade (1976), explica a relação entre o biopoder e o racismo. Dentre as modalidades de racismo praticadas desde o século XIX, Foucault inclui o socialismo, sendo que neste há um racismo de tipo evolucionista, biológico, que funciona plenamente em relação aos doentes mentais, aos criminosos, aos adversários políticos etc., que foi necessário sempre que o socialismo teve de insistir no problema da luta contra o inimigo e da eliminação do adversário no interior da sociedade capitalista, e apareceu porque foi a única maneira, nesse caso, de pensar uma razão para matar o adversário. Por outro lado, Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) publicou, em 1947, o livro Humanismo e Terror, no qual invoca o problema da violência praticada pela União Soviética (URSS), pondo em evidência a teoria e a prática da violência pelo regime comunista. Para Merleau-Ponty, quando se vive numa época em que a base tradicional de uma sociedade se destrói e o homem deve reconstruí-la e reconstruir também as relações humanas, a liberdade de cada um desaparece e a violência aparece. Isso seria como foi o princípio do comunismo, com Lênin. O que Merleau-Ponty questiona é se a violência praticada em 1947 pelo mesmo regime tem o mesmo sentido que tinha no leninismo. O objetivo deste trabalho é verificar se há e quais são os pontos de toque entre a visão foucaultiana do racismo de Estado praticado pela URSS e a violência revolucionária identificada por Merleau-Ponty na mesma URSS.
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Referências
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France. Tradução de Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FOUCAULT, Michel. Estratégia, Poder-Saber. Organização de textos de Manoel Barros da Motta. Tradução de Vera Lucia Avellar Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Humanismo e Terror. Tradução de Naume Ladosky. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1968.
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