A tendência à destruição do domínio público pela hegemonia da razão neoliberal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v22i3.2932

Palavras-chave:

Domínio público; Razão Neoliberal; Hegemonia.

Resumo

Partindo das distinções arendtianas do conceito de público na condição de aparência, exposição e publicidade e público como compartilhamento de um mundo comum tentarei mostrar como nossa percepção da realidade é dependente do senso comum. Essa característica própria da condição humana submete todas as sociedades ao desafio de criar e manter um domínio público, em que, ao confrontar-se umas com as outras e com o mundo percebido, as distintas opiniões possam elevar-se do nível da opinião própria ao patamar de visão comum da realidade, tornando, assim, o mundo partilhável. Em seguida, apresento as características da razão neoliberal a fim de concluir que ela não pode fundar um domínio público e precisa mesmo destruí-lo. Apresento essa ameaça da hegemonia da razão neoliberal sobre o senso comum contemporâneo em termos de tendência porque a total destruição do domínio público significaria também a extinção das sociedades humanas como agregação social e política, o que já foi tentado nos regimes totalitários e fracassou.

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Biografia do Autor

Francisco Xarão, Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL)

Doutor(a) em Filosofa pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo – RS, Brasil. Professor da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), Alfenas – MG, Brasil.

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Publicado

2022-10-28

Como Citar

XARÃO, Francisco. A tendência à destruição do domínio público pela hegemonia da razão neoliberal. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 22, n. 3, p. 45–54, 2022. DOI: 10.31977/grirfi.v22i3.2932. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/2932. Acesso em: 24 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos