América latina, o discurso filosófico-sociológico da modernidade, a ce-gueira histórico-sociológica das teorias da modernidade: notas programá-ticas para uma práxis decolonial latino-americana
DOI :
https://doi.org/10.31977/grirfi.v18i2.982Mots-clés :
Modernidade; Colonialismo; Cegueira Histórico-Sociológica; América Latina; Decolonialidade.Résumé
Neste artigo, defendemos que as teorias euronorcêntricas da modernidade, cujo mote é a reconstrução filosófico-sociológica do processo de modernização ocidental (ou europeia, ou o padrão evolutivo-constitutivo das sociedades industrializadas desenvolvidas contemporâneas) sofrem de uma cegueira histórico-sociológica que é caracterizada por três pontos básicos: (a) o desenvolvimento dessa mesma modernização ocidental como um processo autorreferencial, auto-subsistente, auto-suficiente, endógeno e autônomo, de modo que haveria a modernidade enquanto racionalização e todo o resto enquanto tradicionalismo, o que, por outro lado, não impede as teorias da modernidade de correlacionarem modernidade-modernização, racionalização, universalismo e gênero humano; (b) a separação entre modernidade cultural e modernização econômico-social, a primeira enquanto esfera puramente normativa e a segunda enquanto esfera basicamente instrumental, lógico-técnica, com o objetivo de salvar-se um conceito normativo de universalismo epistemológico-moral que se confunde com a própria modernidade cultural; e (c), como condição de tudo isso, o apagamento do e o silenciamento sobre o colonialismo enquanto uma consequência do desenvolvimento da modernização ocidental como um todo. Argumentamos que uma práxis decolonial latino-americana tem na denúncia, no desvelamento e na desconstrução dessa cegueira histórico-sociológica das teorias euronorcêntricas da modernidade em sua estilização do processo de modernização ocidental o ponto de partida epistemológico-político fundamental para constituir-se como alternativa ao paradigma normativo da modernidade, para fundar o seu (latino-americano) discurso filosófico-sociológico da modernização ocidental em sua correlação com o colonialismo.
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