Como não esquecer de viver o presente: um ensaio sobre a espiritualidade do amor

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DOI :

https://doi.org/10.31977/grirfi.v18i2.907

Mots-clés :

Espiritualidade; Amor; Ideal; Beleza; Ficção.

Résumé

Pierre Hadot nos mostra, em suas interpretações sobre Goethe e a tradição dos exercícios espirituais, que o amor verdadeiro possui um potencial transformador, pois corresponde a um exercício do espírito capaz de desvelar o ideal que envolve e constitui a realidade dos amantes.  Diferentemente, Foucault explica, através de Baudelaire e da cultura da estética da existência, que a experiência transfiguradora do amor propicia a criação do tempo presente como que por ficção e não pela presença do ideal no real.  A partir disso, talvez possamos afirmar que a espiritualidade do amor, concebida por Hadot, residiria na eternização do instante presente e na universalização da alma, cuja beleza articula os amantes idealmente à Natureza. Por outro lado, no caso da estética da existência foucaultiana a espiritualidade do amor concerniria à violação ficcional da condição que ata o si, os outros e o mundo à saudade do passado ou à ansiedade pelo futuro. Sendo assim, neste ensaio vislumbramos (a) pontuar as diferenças entre Hadot e Foucault no que concerne à vivência do tempo presente e à espiritualidade do amor para (b) indicarmos de que modo ambos compreenderiam a movimentação histórica do si e dos outros no mundo.  

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Biographie de l'auteur

Cassiana Lopes Stephan, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Doutoranda em Filosofia na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba – PR, Brasil. Bolsista/CAPES.

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Publiée

2018-12-16

Comment citer

STEPHAN, Cassiana Lopes. Como não esquecer de viver o presente: um ensaio sobre a espiritualidade do amor. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 18, n. 2, p. 375–396, 2018. DOI: 10.31977/grirfi.v18i2.907. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/907. Acesso em: 4 déc. 2024.

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