Pensamento científico moderno e abalo à esfera pública: uma reflexão com base em Hannah Arendt

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.31977/grirfi.v17i1.793

Mots-clés :

Ação; Alienação do mundo; Cientificismo; Hannah Arendt; Pluralidade.

Résumé

Este trabalho tem por objetivo refletir sobre a emergência da modernidade, a consolidação do pensamento científico moderno e suas consequências especificamente indesejáveis no domínio da política. Para isso, baseio-me no pensamento de Hannah Arendt. Arendt destaca três eventos como os principais precursores da era moderna: a exploração dos continentes, a Reforma e a invenção e utilização do telescópio. Discuto brevemente a relação desses eventos com a alienação do mundo, tal como entendida por Arendt, e me aprofundo nas novidades relativas à ciência. Menciono Galileu e a revolução copernicana, o método experimental e quantitativo, o papel da fabricação de instrumentos na produção do conhecimento, o critério avaliativo de sucesso prático e o raciocínio lógico-matemático como elementos que passam a moldar a atividade científica. A partir daí, destaco a tendência, descrita por Arendt, do pensamento científico moderno em abarcar os mais diversos campos da vida cotidiana, especialmente seu âmbito público. Concluo destacando o modo como o pensamento cientificista – que possui características próprias do homo faber – mina a possibilidade de ação quando adentra a esfera política. Na medida em que “ser livre e agir é a mesma coisa”, impede também a manifestação da liberdade. Mais do que isso, abordo como o cientificismo vai à contramão da pluralidade, da singularidade e da espontaneidade humanas. Os governos totalitários e as sociedades de consumo são exemplos extremos e reais do que a racionalidade do homo faber pode fazer quando substitui o campo da ação. Ao finalizar, destaco um grande desafio que temos pela frente.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Claudio Ricardo Martins dos Reis, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Doutorando em Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rio Grande do Sul – Brasil. Bolsista CAPES.

Références

ARENDT, Hannah. Lectures on Kant's political philosophy. Chicago: The University of Chicago Press, 1992.

_ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. Tradução de Mauro Barbosa. São Paulo: Editora Perspectiva, 2005.

ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

CASSÉTE, Mariah. A Ciência e a Sociedade Moderna: uma visão da teoria política de Hannah Arendt. In: Anais do XV Congresso Brasileiro de Sociologia, Curitiba, 2011. p. 1-25.

DEINA, Wanderley José & KOMINEK, Andreia Maila. Sobre o sentido político da ciência e da tecnologia em Hannah Arendt. In: Anais da XI Jornadas latino-americanas de estudos sociais da ciência e da tecnologia, Curitiba, 2016. p. 1-12.

D’ENTREVES, Maurizio Passerin. Hannah Arendt. In: The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Edição de inverno de 2016. Disponível em: <https://plato.stanford.edu/archives/win2016/entries/arendt/>. Acesso em: 07.02.2018.

KUHN, Thomas. The structure of scientific revolutions. Chicago: University of Chicago Press, 1962.

LACEY, Hugh. Is Science Value Free? Values and scientific understanding. London: Routledge, 1999.

LACEY, Hugh. Entendimento científico e controle da natureza. In: LACEY, Hugh. Valores e atividade científica 1. São Paulo: Associação Filosófica Scientiae Studia/Editora 34, 2008. p. 153-188.

Téléchargements

Publiée

2018-06-19

Comment citer

REIS, Claudio Ricardo Martins dos. Pensamento científico moderno e abalo à esfera pública: uma reflexão com base em Hannah Arendt. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 17, n. 1, p. 304–314, 2018. DOI: 10.31977/grirfi.v17i1.793. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/793. Acesso em: 24 nov. 2024.

Numéro

Rubrique

Artigos