A objetificação do instrumento: lendo a viravolta heideggeriana a partir da crítica à metafísica
DOI :
https://doi.org/10.31977/grirfi.v12i2.664Mots-clés :
Martin Heidegger; Metafísica; Modernidade; Viravolta; Ser e Tempo.Résumé
Este trabalho pretende desenvolver um breve confronto com Ser e Tempo a partir do conceito de instrumento [Zeug], cuja análise deve contribuir para a articulação de uma leitura quanto ao sentido da Viravolta [die Kehre] heideggeriana dos anos 30. Nossa proposta é a de desvelar o caráter metafísico de Ser e Tempo a partir do diagnóstico de um modo de relacionamento exclusivamente pragmático e instrumental com as coisas de nosso cotidiano, o qual incorre em última análise no problema da objetificação. Para esse diagnóstico, devemos manter como horizonte o próprio projeto heideggeriano de crítica à metafísica: a constatação da objetificação da coisa enquanto instrumento é tornada possível a partir da segunda fase do pensamento heideggeriano (inaugurada pela Viravolta), onde a crítica da metafísica é articulada como história do esquecimento do Ser. Neste momento, a análise das bases metafísicas da Modernidade revela uma postura específica a partir da qual o sujeito moderno teria se orientado pela dominação do ente, uma mesma postura a ser identificada na análise do instrumento em Ser e Tempo. Assim, segundo uma leitura imanente ao pensamento heideggeriano, porque orientada pela continuidade de seu projeto crítico, podemos entender a Viravolta como um aprofundamento da tarefa de superação da metafísica, cuja exigência trata de ultrapassar tanto o relacionamento objetificado com as coisas de nossos mundos cotidianos como a postura moderna de dominação.
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