Deleuze e seu outro
DOI :
https://doi.org/10.31977/grirfi.v23i1.3200Mots-clés :
Deleuze; Estrutura-outrem; Virtual; Lévinas.Résumé
O conceito de outrem (autrui) não recebeu a devida atenção no conjunto da filosofia de Deleuze até recentemente (VENTURA, 2020; FERREIRA, 2021). Outrem aparece na obra deleuziana em alguns momentos de Diferença e Repetição, em O que é a filosofia? – obra escrita juntamente a Félix Guattari – mas, sobretudo, num texto presente no apêndice de Lógica do sentido intitulado “Michel Tournier e o mundo sem outrem”, no qual ele comenta o romance de M. Tournier, Sexta-feira ou os limbos do pacífico. Outrem nada mais é do que a expressão de um mundo possível, ou ainda, uma estrutura que organiza a percepção e assegura as margens e transições do mundo. Quando esta estrutura se dissolve, os simulacros ascendem às superfícies, destruindo as formas e libertando as forças e intensidades. Acreditamos que o agente dessa dissolução é Sexta-feira, cuja vinda desarranja a ordem forjada por Robinson em sua ilha. Sexta-feira já não funciona como a estrutura outrem, visto que ele é um outro de outrem, que vai possibilitar o acesso a um campo transcendental impessoal, pré-individual, povoado de singularidades livres. Os conceitos de Emmanuel Lévinas de “rosto” e “absolutamente outro” (tout autre) auxiliará nesse movimento a fim de compreender o outro de Deleuze, embora seja necessário apontar a sua pertinência e as suas limitações.
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