Figuras empíricas do homo sacer: aproximações ao fenômeno neoliberal

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.31977/grirfi.v22i3.2934

Mots-clés :

Agamben; Biopolítica; Homo sacer; Neoliberalismo; Exceção; Homo oeconomicus.

Résumé

Na obra Multiculturalismo: examinando a política do reconhecimento de Charles Taylor, a ideia de identidade Este artigo propõe uma leitura e aplicação do conceito metafísico do homo sacer, central no pensamento de Giorgio Agamben. Deste modo, pretende-se depurar de contextos históricos, sociais e políticos figuras empíricas que refletem traços fundamentais da vida nua, estendendo a aplicação de tal paradigma. Para tanto, é preciso considerar algumas críticas – expostas na introdução do trabalho – ao pensamento de Agamben, que norteiam o empreendimento sem, no entanto, afastar-se absolutamente do arcabouço agambeniano, mas sim provendo novo fôlego às suas construções filosóficas. Basicamente, trabalhar-se-á com três autores críticos: Judith Butler, Thomas Lemke, e Ludueña Romandini. Com isso em mente, propõe-se um modo de leitura do paradigma do homo sacer que permita análises mais precisas da facticidade, garantindo sensibilidade às nuances biopolíticas em seus contextos específicos – ou seja, evitando que todo o corpo social se reduza à sacralidade da nuda vita. Na primeira seção duas figuras são depuradas: as minorias nacionais, a partir das análises políticas de Hannah Arendt; e os detentos indefinidos da Baía de Guantánamo, investigada por Judith Butler. Em um segundo momento, pretende-se aproximar a razão econômica neoliberal ao paradigma de exceção e extrair uma nova figura contemporânea do homo sacer, o homo oeconomicus, ou o sujeito-empresa. Por fim, evidencia-se as consequências neoliberais, desta forma de vida econômica, para a proposta filosófico-política de Agamben, isto é, de implementação de uma comunidade e política inoperosa. Ainda, as consequências para a democracia vigente e as limitações do arcabouço agambeniano para tal contexto político.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Matheus Paiva, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Doutorando(a) em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba – PR, Brasil.

Références

ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. 8ª reimp. São Paulo: Companhia das Letras. 2012;

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: O poder soberano e a vida nua. 2ª reimp. Belo Horizonte: Ed. UFMG. 2007;

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: O que resta de Auschwitz. 1ª ed. São Paulo: Boitempo. 2008;

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: Estado de Exceção I e II. 6ª reimp. São Paulo: Boitempo. 2018;

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: O Uso dos Corpos. 1ª ed. São Paulo: Boitempo. 2017a;

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: O Reino e a Glória: Uma genealogia teológica da economia e do governo. 2ª reimp. São Paulo: Boitempo. 2016;

AGAMBEN, Giorgio. Meios sem Fim: Notas sobre a Política. 3ª reimp. Belo Horizonte: Ed. Autêntica. 2017b;

AGAMBEN, Giorgio. Signatura Rerum: sobre o método. 1ª ed. São Paulo: Boitempo. 2019;

BUTLER, Judith. Vida precária: os poderes do luto e da violência. Belo Horizonte: Autêntica. 2019;

BUTLER, Judith. Corpos em Aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2019b;

BUTLER, Judith. Quadros de Guerra: Quando a vida é passível de luto? 5ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2018;

BUTLER, Judith; SPIVAK, Gayatri C. Quem canta o Estado-nação? Língua, política, pertencimento. 1ª reimp. Brasília: Editora Universidade de Brasília. 2020.

CASTRO, Edgardo. Introdução a Giorgio Agamben: Uma arqueologia da potência. 2ª reimp. Belo Horizonte: Ed. Autêntica. 2016;

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. Comum: ensaio sobre a revolução no século XXI. 1ª ed. São Paulo: Boitempo. 2017;

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. 1ª ed. São Paulo: Boitempo. 2016;

DUARTE, André de Macedo. Biopolítica e Soberania em Foucault: uma resposta às críticas de Agamben e Esposito. In: Guilherme Castelo Branco; Helton Adverse. (Org.). Clássicos e Contemporâneos em Filosofia Política. 1ed. Rio de Janeiro: Relicário, 2015, v.1, p. 113-126.

DUARTE, André de Macedo. A pandemia e o pandemônio: ensaio sobre a crise da democracia brasileira. Rio de Janeiro: Via Verita. 2020;

DUARTE, André de Macedo. Heidegger e a linguagem: do acolhimento do ser ao acolhimento do outro. Natureza Humana. São Paulo, v. 07, n.1, p. 129-158. 2005;

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. 3ª reimp. São Paulo: Ed. WMF Martins Fontes. 2018;

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 6ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra. 2017;

FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. 8ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense Universitária. 2017;

FOUCAULT, Michel. Segurança, Território, População. São Paulo: Martins Fontes. 2008;

FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica. São Paulo: Martins Fontes. 2008b;

GIACÓIA, Oswaldo. Violência e racionalidade jurídica. In. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 108, pp. 243-291, jan./jun. 2014;

GIACÓIA, Oswaldo. Agamben: Por uma ética da vergonha e do resto. São Paulo: n-1 edições. 2018;

LEMKE, Thomas. Biopolítica: críticas, debates, perspectivas. São Paulo: Politeia. 2018;

MBEMB, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Rio de Janeiro: Revista Arte e Ensaios. 2016, n° 32, p. 122-151;

PAUL, Diane B. Darwin, social darwinism and eugenics. In: The Cambridge Companion to Darwin. 2ª ed. Cambridge: University Printing House. 2009;

ROMANDINI, Fabián Ludueña. A comunidade dos espectros. I. Antropotecnica. Florianópolis: Cultura e Barbárie. 2013. E-book.

Téléchargements

Publiée

2022-10-28

Comment citer

PAIVA, Matheus. Figuras empíricas do homo sacer: aproximações ao fenômeno neoliberal. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 22, n. 3, p. 162–182, 2022. DOI: 10.31977/grirfi.v22i3.2934. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/2934. Acesso em: 22 nov. 2024.

Numéro

Rubrique

Artigos