“Alguém tem de dizer aos negros a verdade”: Olavo de Carvalho sobre a contribui-ção negro-africana à cultura ocidental
DOI :
https://doi.org/10.31977/grirfi.v21i3.2657Mots-clés :
Escravidão; Povos negros; Reparação; Civilização ocidental; PeriferizaçãoRésumé
No artigo, estudaremos o pensamento filosófico de Olavo de Carvalho, especialmente no que concerne à sua posição frente ao movimento negro brasileiro e norte-americano em sua luta por reparação pelo colonialismo-escravismo-racismo. Argumentaremos que sua recusa de qualquer práxis reparatória para com as minorias político-culturais e sua posição de um não-lugar das tradições negro-africanas no contexto da cultura/civilização ocidental, incluindo-se sua defesa da inferioridade da cultura/civilização negro-africana quando comparada com a tradição judaico-cristã, greco-latina e medieval-renascentista, são fundadas por uma metafísica dualista com caráter altamente antimoderno e antimodernizante, em que a dinâmica específica que perpassa o “drama humano frente ao universo e à eternidade” se caracteriza (a) pela luta entre necessidade natural (Behemot) e consciência individual (Leviatã), a qual só pode ser vencida pela correlação de graça divina por Jesus Cristo e interiorização e intuição pessoais, diretas, imediatas e imediadas por parte de cada indivíduo para com Deus; (b) pela recusa da política, da história e da ação intersubjetiva, afirmadas como materialismo e, nesse sentido, como lugar das ideologias políticas totalitárias (do qual a modernidade iluminista é o maior exemplo); e, finalmente, (c) pela centralidade do espiritualismo, da relação íntima e direta entre Deus e homem, mediada pela Revelação, o que aponta para a inexistência, no pensamento de Olavo de Carvalho, de parâmetros objetivos de discussão, de interação e de justificação racionais – daí, inclusive, sua deslegitimação da ciência, da política, da história e da ação institucional macroestrutural, e seu apelo ao individualismo metodológico intuicionista-espiritualista.
Téléchargements
Références
CARVALHO, Olavo de. O imbecil coletivo. Rio de Janeiro: Editora Record, 2018.
CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1978.
FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: Editora da UFBA, 2008.
MBEMBE, Achille. Sair da grande noite: ensaio sobre a África descolonizada. Luanda: Edições Mulemba, 2014a.
MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona, 2014b.
MEMMI, Aimé. Retrato do colonizado precedido pelo retrato do colonizador. Rio de Janeiro: Civili-zação Brasileira, 1967.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Fernando Danner, Leno Francisco Danner 2021
Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .
Les auteurs qui publient dans le Griot: Revista de Filosofia conserve les droits d'auteur et accorde au periodique le droit de première publication, avec l'œuvre simultanément sous licence Creative Commons Attribution 4.0 International License, permettant Le partage et l'adaptation, même à des fins commerciales, avec une reconnaissance régulière de la paternité et de la publication initiale dans ce journal. Lire la suite...