A díade virtù-fortuna na fundação e manutenção da ordem em Niccolò Machiavelli
DOI :
https://doi.org/10.31977/grirfi.v20i2.1723Mots-clés :
Machiavelli; Fortuna; Virtù.Résumé
O par Fortuna-Virtù é discutido nas diversas análises críticas do pensamento de Machiavelli e, embora tais termos possuam origens e tradições bem determinadas ao longo do pensamento latino, principalmente específicas considerações antigas e medievais em algumas recepções durante o humanismo cívico, suas características elusivas ao longo das argumentações de Machiavelli são mantidas, possibilitando inúmeros debates acadêmicos. Diante da ambivalência e da ambiguidade da ideia de Virtù perante relevantes e variadas tradições, contínuas buscas por clarificação são feitas ao longo do corpus do secretário florentino, associando o termo a outras importantes e centrais reflexões, e.g., desiderio, stato, forza. A instabilidade política, as forças além do controle humano, a imponderabilidade das ações civis são temas recorrentes nas concepções sobre a Fortuna em variadas argumentações desse autor. Em aberto diálogo com os humanistas cívicos que enfatizam maior participação política e social, mesclando embasamento racional, consideração moral e as discussões sobre as formas dos regimes políticos, esse escritor apresenta uma concepção historiográfica, a revigorar tradições do mundo antigo, na criação de uma ordem civil mediante a Virtù, a qual demanda comprometimento pessoal e público na exaltação das potencialidades e dos limites humanos. Reinserir a relevância da paridade entre Fortuna e Virtù em Machiavelli é um passo relevante no combate a leituras anacrônicas. Assim, analisar-se-ão os exemplos mais significativos dos fundadores e dos sustentadores da ordem civil destacados nos textos discursivos do florentino, e.g., Romulo, Numa, Moisés, Cesare Bórgia, Castruccio Castracani. Ao estudar as imagens da Fortuna, em face das concepções políticas e antropológicas do autor, discutir-se-á a centralidade da díade Virtù-Fortuna no desenvolvimento argumentativo de algumas ideias principais desse famoso pensador político.
Téléchargements
Références
BARON, Hans. The Crisis of Early Italian Renaissance. Princeton: Princeton University Press, 1993
BELL, Sinclair. Role Models in the Roman World: Identity and Assimilation. Ann Arbor: Michigan Press, 2008.
Benner, Erica. Machiavelli´s Ethics. Princeton: Princeton University Press, 2009
BIGNOTTO, Newton. A Antropologia Negativa de Maquiavel. Analytica v.12, n.2, p. 77-100, 2008.
Bignotto, Newton. Maquiavel Republicano. São Paulo: Loyola, 1991,
BOETHIUS. The Consolation of Philosophy. Cambridge: Harvard University Press, 1978.
BONADELLA, Peter. Castruccio Castracani: Machiavelli´s Archetypal Prince. Italica v.49, n.3, p.302-314, 1972.
BONADELLA, Peter. Machiavelli and the Art of Renaissance History. Detroit: Wayne State University Press, 1973.
BROUCKE, Pieter. Tyche and Fortune of Cities in the Greek and Roman World. Yale University Art Gallery Bulletin, p. 33-49, 1994.
BRUCKER, Gene. Renaissance Florence. Berkeley: University of California Press, 1983
CANTER, H.V. Fortuna in Latin Poetry. Studies in Philology v.19, n.1, p. 64-82, 1992.
CHAPLIN, Jane. Livy´s Exemplary History. New York: Oxford University Press, 2000.
CIOFFARI, Vincenzo. The function of Fortune in Dante, Boccaccio and Machiavelli. Italica v.24, n.1, p. 1-13, 1947.
DANTE, Alighieri. Opere. Bologna: Nicola Zanichelli, 1966.
de ASSIS, Jean. "Acaso, Chance, Fortuna e Azar: Imagens da Tyche no pensamento grego antigo" Fragmentos de Cultura 29.2 (2019): 301-309.
Frakes, Jerold. The Fate of Fortune in the Early Middle Ages: The Boethian Tradition. Leiden: Brill, 1988.
GARIN, Eugenio. L´Umanesimo Italiano: Filosofia e Vita Civile Nel Rinascimento. Editori Laterza, 1978.
GILBERT, Felix. On Machiavelli´s Idea of Virtu. Renaissence News v.4, n.4, p. 53-55, 1951.
LEFORT, Claude. Machiavelli in the Making. Evanston: Northwestern University Press, 2012,
MACHIAVELLI, Niccolò. Tuttele opere di Niccolò Machiavelli a cura di Francesco Flora e di Carlo Cordiè. 2 volumi. Milano: Arnoldo Mondadori Editore, 1949.
MANSFIELD, Harvey. Machiavelli´s Virtue. Chicago: The University of Chicago Press, 1998.
POCOCK, J. G. A. The Machiavellian Moment: Florentine Political Thought and the Atlantic Republican Tradition. Princeton University Press, 1975.
POLLITT, J.J. An Obsession with Fortune. Yale University Art Gallery Bulletin, p. 12-17, 1994.
PRICE, Russell. Ambizione in Machiavelli´s Thought. History of Political Thought v.3, p. 383-445, 1982.
PRICE, Russell. The Senses of Virtù in Machiavelli. European Studies Review v.3, p.315-345, 1973.
PRICE, Russell. The Theme of Gloria in Machiavelli. Renaissance Quarterly v.30, n.4, p. 588-631, 1977.
ROLLER, Matthew. Models from the Past in Roman Culture: A World of Exempla. Cambridge: Cambridge University Press, 2018.
SKINNER, Quentin. The Foundations of Modern Political Thought: Volume 1, The Renaissance. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.
SKINNNER, Quentin. Visions of Politics: Renaissance Virtues. New York: Cambridge University Press, 2004.
van EGMOND, Bart. Augustine´s Early Thought on the Redemptive Function of Divine Judgment. New York: Oxford University Press, 2018.
VIROLI, Maurizio, O Sorrido de Nicolau: História de Maquiavel. São Paulo: Estação Liberdade, 2002.
VIVANTI, Corrado. Nicolau Maquiavel nos Tempos da Política. São Paulo: Martins Fontes, 2016.
WHITFIELD, J.H. The Anatomy of Virtue. The Modern Language Review v.38, n.3, p. 222-225, 1943.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Jean Felipe de Assis 2020
Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .
Les auteurs qui publient dans le Griot: Revista de Filosofia conserve les droits d'auteur et accorde au periodique le droit de première publication, avec l'œuvre simultanément sous licence Creative Commons Attribution 4.0 International License, permettant Le partage et l'adaptation, même à des fins commerciales, avec une reconnaissance régulière de la paternité et de la publication initiale dans ce journal. Lire la suite...