O conceito de outrem
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v21i2.2298Palabras clave:
Robinson Crusoé; Ser-no-mundo; Fora; Neurose; Psicose; Perversão.Resumen
Este artigo combina a extraordinária análise por parte de Deleuze de Sexta-feira ou os Limbos do Pacífico, de Michel Tournier, que apresenta um Robinson Crusoé duplo, perverso, em relação ao de Daniel Defoe, com uma análise crítica de concepções como a de ser-no-mundo, resultantes da hermenêutica fenomenológica de Heidegger. O meu ponto é que sem outrem [Autrui], ou o que Deleuze chama a estrutura-outrem [structure Autrui], não é possível ‘interpretar' ser-no-mundo, que, por outras palavras, o que se descompreende sem esta estrutura é justamente uma compreensão pré-ontológica do ser, não se atingindo a facticidade do ser precisamente por se viver, se sofrer, sem outrem, um processo inverso, o de uma ‘desfactização' do próprio fato ou facticidade do ser. Proponho, portanto, uma nova concepção do limite de ser-no-mundo não em termos da morte mas de outrem, do que é perder outrem, a estrutura-outrem, e como esta perda implica a perda de ser-no-mundo, a possibilidade ela mesma de interpretar, de compreender, as suas diferentes estruturas (ser-aí, ser-com, ser-para-a-morte, etc.) O conceito de outrem funciona assim como uma gigante dobra entre ser-no-mundo e o seu avesso ou o que Artaud definiu como ‘o outro lado da existência’, mas também entre a ausência de outrem e a criação de ‘mundos sem outrem', todos eles ‘menores', ‘ilhas desertas', 'plateaus', constituídos na imanência desta ausência, do próprio ‘fora'.
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Citas
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