Ressentimento e vingança: conservação e desagregação do espaço político em Arendt
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v20i2.1756Palabras clave:
Espaço público; Hannah Arendt; Política; Perdão; Promessa; Ressentimento.Resumen
O espaço público é palco para os mais variados conflitos, resultando, em certos casos, em violência. Entretanto, é nesse espaço que os homens experimentam a liberdade, expressando-se frente à pluralidade de opiniões. Por ser um espaço para a livre expressão, nem sempre nossas ações e opiniões são recebidas sem contrariedade, despertando sentimentos rancorosos. Seguindo o pensamento de Arendt, o espaço público é a arena em que todos devem se manifestar espontaneamente, evidenciando-se a partir de sua singularidade diante da pluralidade que caracteriza a comunidade. Por ser um espaço de manifestação do indivíduo, pautado pela liberdade e pluralidade, a ação é irreversível e imprevisível, possibilitando um ciclo de mal-entendidos e violência. Por conseguinte, não há como impedir que emoções conflitantes sejam alimentadas do prejuízo originado da ação política. Segundo Arendt, ressentimentos são estados emocionais peculiares ao ser humano, facilitando o entendimento comum e a convivência. Assim, o ressentimento pode conduzir a atos contra a injustiça, com a punição e o perdão, possibilitando um novo começo. Contudo, há atos que não se coadunam com o perdão, como os crimes perpetrados pelo nazismo, cuja relação estabelecida entre os homens não era humana. Diante do absurdo da situação, sobre a qual não há como julgar, o perdão não tem lugar, fechando as portas para um novo começo. Enfim, este texto pretende explorar o papel do ressentimento enquanto fator que possibilita a sobrevivência do espaço público, mas que também pode conduzir à sua destruição.
Descargas
Citas
ANSELL-PERSON, K. Nietzsche como pensador político: uma introdução. Tradução de Mauro Gama e Claudia Martinelli Gama. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.
ARENDT, H. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012a.
ARENDT, H. Sobre a Revolução. Tradução de I. Morais. Lisboa: Relógio d´Água, 2001.
ARENDT, H. A tradição do pensamento político. In:_ A promessa da política. Tradução de Pedro Jorgensen Jr. Rio de Janeiro: DIFEL, 2012b.
ARENDT, H. A crise da república. Tradução de José Volkmann. São Paulo: Perspectiva, 2010.
ARENDT, H.Sobre a violência. Tradução de André Duarte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009b.
ARENDT, H. Responsabilidade e julgamento. Tradução de Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
ARENDT, H.Origens do Totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012c.
ARENDT, H. The Origins of Totalitarianism. New York: Harcourt, 1951.
ARENDT, H. Entre o passado e o futuro, Tradução de Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 2009a.
ARENDT, H.Eichmann in Jerusalem: A Reportonthe Banality of Evil. New York: Penguin Classics, 2006.
ARENDT, H. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. Tradução de José R. Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
ARENDT, H. Homens em tempos sombrios. Tradução de Denise Bottman. Companhai das Letras, 1987.
BRUSOTTI, Marco. Ressentimento e Vontade de Nada. Cadernos Nietzsche, n° 8, p. 3-34, 2000.
CANOVAN, M. Hannah Arendt: A Reinterpretation of Her Political Thought. New York: Cambridge University Press, 1995.
DELEUZE, G. Nietzsche e a filosofia. Tradução de Edmundo Fernandes Dias e Ruth Joffily dias. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1976.
DUARTE, A. Poder e violência no pensamento político de Hannah Arendt: uma reconsideração (ensaio crítico). In: ARENDT, H. Sobre a violência, 2009b, p. 131-167.
FASSIN, Didier. On Resentment and Ressentiment: The Politicsand Ethics of Moral Emotions. Current Anthropology, Vol. 54, n° 03, p. 249-267, 2013.
http://www.jstor.org/stable/10.1086/670390
Acessado 07/06/2019.
GIACOIA, Oswaldo. Nietzsche: o humano como memória e como promessa. Petrópolis: Editora Vozes, 2013.
GIACOIA, Oswaldo. Nietzsche como psicólogo. São Leopoldo: Editora UNISINOS, 2001.
HAYDEN, P. (ed.) Hannah Arendt: Key Concepts. Durham: Acumen, 2014.
HONIG, B. Declarationsof Independence: Arendt and Derrida on the Problemof Founsing a Republic. The American Political Science Review. Vol. 85, No. 1, p. 97-113, 1991.
HONIG, B. Political Theoryandthe Displacement of Politics (Contestations). Ithaca e London: Cornell University, 1993.
HUNT, Grayson. Arendt on Resentment: Articulating Intersubjetivity. The Journal of Speculative Philosophy, vol. 29, n° 03, p. 283-290, 2015.
http://muse.jhu.edu/article/588863
JACOBITTI, Suzanne D. The Public, The Private, The Moral: Hannah Arendt and Political Morality. International Political Science Review/Revue Internationale de Science Politique. Vol. 12, No 4, p. 288-293, 1991.
KRISTEVA, J. O gênio feminino: a vida, a loucura, as palavras. Tomo I: Hannah Arendt. Tradução de Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.
LA CAZE, M. Promising and forgiveness. In: HAYDEN, P. (ed.) Hannah Arendt: Key Concepts. Durham: Acumen, 2014, p. 209-221.
MACLACHLAN, Alice. Unreasonable Resentments. Journalof Social Philosophy, Vol. 41, N°. 4, p. 422-441, 2010.
MARIN, Solange R. & QUINTANA, André M. O Sentido Subjetivo: O Ressentimento como Circunstância de Justiça em Adam Smith. Filosofía de la Economía, Vol. 04, p. 87-103, 2015. http://ppct.caicyt.gov.ar/index.php/filoecon/article/view/4518
Acessado em 13/07/2019 Ã s 15:15.
NIETZSCHE, F. Genealogia da moral. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
PASCHOAL, A. E. As formas do ressentimento na Filosofia de Nietzsche. Philósophos, Vol. 13, N° 1: p. 11-33, 2008.
SCHELER, Max. El resentimientoenla moral. Traducción por José Gaos. Madrid: Revista de Occidente, 1927.
SCHIO, Sonia M. A Ética da Responsabilidade em Arendt e Jonas. Dissertatio, Vol. 32, p. 157-174, 2010.
SCHIO, Sonia M. O estado teorizado por Hobbes segundo a perspectiva de Hannah Arendt. Revista Reflexões, n° 10, p. 180-195, 2017.
http://revistareflexoes.com.br/wp-content/uploads/2017/07/12.1.1-Sonia-UFEpel-181-a-195.pdf
Acessado em 26/07/2019 Ã s 15h50.
SCHWARZE, M. & SCOTT, J. T. Spontaneous Disorder in Adam Smith’s Theory of Moral Sentiments: Resentment, Injustice, and the Appeal to Providence. The Journal of Politics, Vol. 77, no. 2, p. 463-476, 2015. https://www.jstor.org/stable/10.1086/679750.
SMITH, Adam. Teoria dos sentimentos morais. Tradução de Lya Luft. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
URE, Michael. Resentment/Ressentment. In: Constellations: na InternationalJournal of Criticaland Democratic Theory, vol. 22, n° 04, p. 599-613, 2015.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2020 Ricardo Gião Bortolotti
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los autores que publican en Griot: Revista de Filosofía mantienen los derechos de autor y conceden a la revista el derecho de primera publicación, con el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Creative Commons Attribution 4.0 International License, permitiendo compartir y adaptación, incluso con fines comerciales, con el debido reconocimiento de la autoría y publicación inicial en esta revista. Lea mas...