Sociedade de consumidores e o desinteresse pela esfera pública: escravização invisível e a política instrumental em Hannah Arendt

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v19i2.1171

Palabras clave:

Sociedade de Consumidores; Política Instrumental; Ciclo Vital.

Resumen

Erigir o aumento da riqueza e da abundância como um objetivo primordial para a vita activa já se desenhava como premissa axiomática da economia política clássica, além do sonho idealizado dos pobres e despossuídos. Havia, no entanto, certa esperança utópica de que, ao viver em uma sociedade com maior abastança, as pessoas cidadãs buscariam mais plenamente o desenvolvimento de apropriada abstenção consciente do trabalho e do consumo em seu tempo livre, ou seja: que isento da dor e do esforço de trabalhar e consumir, o animal laborans tornar-se-ia produtivo para si próprio, nutrindo-se de atividades “superiores”. No entanto, de quanto mais horas vagas dispõe o laborans, maiores são seus apetites de consumo e, sobretudo, uma sociedade abundante expõe devidamente a falácia do raciocínio anterior, uma vez que tudo pode ser reificado e comercializado. Esse artigo pretende analisar o fenômeno da sociedade de consumo contemporânea como engrenagem do ciclo vital, descrevendo de que modo, presas em seus próprios processos de trabalho e consumo, as pessoas cidadãs desfrutam apenas de uma política instrumental. Essa alienação promove a vitória do animal laborans sobre o zoon politikon.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Kelly Janaína Souza da Silva, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Doutoranda em Filosofia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis – SC, Brasil, com período sanduíche em Freie Universität Berlin (FU Berlin), Berlim, Alemanha. Bolsista do(a): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, Brasil.  Bolsa CAPES/PROEX.

Citas

ARENDT, Hannah. Vita activa oder Vom tätigen Leben. Stuttgart: Kohlhammer Verlag, 1960.

ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

ARENDT, Hannah. A condição humana. 10 ed. Tradução R. Raposo. Rio de Janeiro: Forense UniversitaÌria, 2001.

ARENDT, Hannah. A vida do Espírito. O Pensar, o Querer, o Julgar. Tradução de Antônio Abranches. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.

ARENDT, Hannah. Trabalho, obra, ação. Tradução Adriano Correia. Cadernos de EÌtica e Filosofia PoliÌtica, São Paulo, n. 7, v. 2, p. 175-201, 2005.

ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução R. Raposo, revisão técnica: Adriano Correia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

BONFIM, C. A despolitização moderna à luz do pensamento de Hannah Arendt. Cognitio Estudos: São Paulo, v. 8, n. 2, p. 86-95, 2011.

CONSTANT, Benjamin. Da liberdade dos antigos comparada à dos modernos. Trad. L. Silveira. Revista de Filosofia Política, n. 2, p. 15, inverno/1985.

CRARY, Jonathan. 24/7 – Capitalismo tardio e os fins do sono. Tradução: Joaquim Toledo Jr. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

DELEUZE, Gilles. Conversações. Trad. Peter Pál Pelbart. São Paulo: 34, 1992.

DUARTE, André. Hannah Arendt e a modernidade: esquecimento e redescoberta da política. In: CORREIA, Adriano (org). Transpondo o abismo: Hannah Arendt entre a filosofia e a política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Trad. L. M. P. Vassallo. Petrópolis:Vozes, 1987.

TOCQUEVILLE. A democracia na América. Trad. João Miguel Pinto de Albuquerque. São Paulo: Nacional, 1969.

Publicado

2019-06-13

Cómo citar

SILVA, Kelly Janaína Souza da. Sociedade de consumidores e o desinteresse pela esfera pública: escravização invisível e a política instrumental em Hannah Arendt. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 19, n. 2, p. 218–229, 2019. DOI: 10.31977/grirfi.v19i2.1171. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/1171. Acesso em: 3 jul. 2024.

Número

Sección

artículos