Notas sobre o conceito de prazer em Epicuro
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v22i2.2803Palavras-chave:
Prazer; Ética; Epicuro.Resumo
O presente artigo tem por objetivo examinar a noção de prazer (hedoné) enquanto télos da vida feliz (makários zén) em Epicuro. Compreendido como bem primeiro (agathòn prôton) e inerente ao ser humano, o prazer é apresentado como o princípio e o fim último (archê kai télos) da vida feliz. Com efeito, convém destacar que não são os prazeres do vulgo (os quais consistem no gozo imoderado dos sentidos) que Epicuro considera como télos da vida feliz, mas o prazer que é ausência de sofrimentos no corpo e na alma, o qual é nomeado por Epicuro de prazer catastemático (hedoné katastematiké) ou prazer estático/em repouso. São, neste sentido, duas as preocupações que orientam o presente trabalho: i) a de apresentar o prazer como télos da vida feliz; ii) a de expor o sentido estrito que o conceito de prazer assume na filosofia (especialmente na ética) epicurista, atentando-se para a distinção entre prazer em movimento e prazer em repouso. O presente estudo está pautado sobretudo em passagens da epístola a Meneceu, em algumas Máximas Principais e Sentenças Vaticanas, textos em que Epicuro expõe os fundamentos do seu hedonismo, bem como nos testemunhos de discípulos tardios, como Tito Lucrécio Caro, Diógenes Laércio e Diógenes de Enoanda.
Downloads
Referências
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Editora Abril Cultural, 1973.
CÍCERO. Oeuvres Complètes de Cicéron. Paris: J. J. Dubochet, Le Chevalier et Comp., Éditeurs, 1848.
DIÓGENES LAÉRCIO. Lives of Eminent Philosophers. Loeb Classical Library 185. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1925.
DIÓGENES LAÉRCIO. Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2008.
DUVERNOY, Jean François. O Epicurismo e sua tradição antiga. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
EPICURO. Lettres et Maximes. Paris: Presses Universitaires de France, 1987.
EPICURO. Carta a Meneceu. São Paulo: UNESP, 2002.
EPICURO. Máximas Principais. Campinas: Loyola, 2013.
EPICURO. Sentenças Vaticanas. São Paulo: Loyola, 2014.
FORSCHNER, Maximilian. Epicuro – Esclarecimento e serenidade. In: ERLER, Michael; GRAESER, Andreas. Filósofos da Antiguidade – II: Do helenismo até a Antiguidade tardia. São Leopoldo: Unisinos, 2002.
GUAL, Carlos García. Epicuro. Madrid: Alianza Editorial, 2002.
GUAL, Carlos García. El Sábio Camino Hacia La Felicidad. Diógenes de Enoanda Y El Gran Mural Epicúreo. Barcelona: Editorial Planeta, S.A., 2016.
GUYAU, Jean-Marie. La Morale d’Épicure. Paris: Librairie Germer Baillère, 1886.
LLEDÓ, E. El Epicureísmo: una sabiduría del cuerpo, del gozo y de la amistad. Barcelona: Taurus, 1995.
LONG, Anthony Arthur. La Filosofía Helenística. Madrid: Revista de Occidente, 1975.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. A gaia ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. A filosofia na idade trágica dos gregos. Lisboa: Edições 70, 2018.
PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2001.
PLUTARCO. Obras Morales Y De Costumbres. Tratados Antiestoicos. Moralia XI. Madrid: Gredos, 2004.
SILVA, Markus Figueira da. Epicuro: sabedoria e jardim. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2003.
SPINELLI, Miguel. Os Caminhos de Epicuro. São Paulo: Loyola, 2009.
SPINELLI, Miguel. Epicuro e as bases do epicurismo. São Paulo: Paulus, 2013.
SPINELLI, Miguel. Helenização e recriação de sentidos: a filosofia na época da expansão do cristianismo – séculos II, III e IV. 2ª e. revisada e ampliada. Caxias do Sul: Educs, 2015.
SPINELLI, Miguel. Ética e política: a edificação do éthos cívico e da paideia grega. São Paulo: Loyola, 2017.
TITO LUCRÉCIO CARO. Da Natureza. São Paulo: Editora Abril Cultural, 1973.
ULLMANN, Reinholdo Aloysio. Epicuro: o filósofo da alegria. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2010.
USENER, Hermann. Epicurea. Milano: Bompiani, 2007.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Marcos Adriano Zmijewski
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores que publicam na Griot : Revista de Filosofia mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution 4.0 International License, permitindo compartilhamento e adaptação, mesmo para fins comerciais, com o devido reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista. Leia mais...