Cartografando com festeiros, cidadãos e ativistas em uma pequena cidade do Pantanal
Palavras-chave:
festa, culturas urbanas, Cavalhada, Pantanal, Ativismo comunicativoResumo
No presente artigo, busca-se problematizar a relação “festeiros x cidade” no âmbito de uma festividade tradicional bastante conhecida do interior do Brasil, a festa da Cavalhada da pequena cidade de Poconé, localizada no coração do Pantanal matogrossense. Parte-se do pressuposto que o espaço festivo constitui um lugar privilegiado para o registro de condições mais diversificadas de participação política e exercício de cidadania(s). À luz de um referencial teórico mais situado nos estudos das festas como um fenômeno espacial (Lefebvre, 2000, 2001; Souza, 2013), uma das hipóteses do artigo é que a rua Justino Gonçalves da Guia, conhecida popularmente entre os pantaneiros como a rua da Cavalhada, além de atrair multidões de pessoas durante os seus dias mais festivos, torna-se um espaço potente de mediação política, alianças e ativismos (Butler, 2018). Principalmente diante do fato da festa da Cavalhada atualmente ser tratada como um evento turístico, um espetáculo religioso midiático e de grande visibilidade pública (Silva, 2024). A fim de verificar isso, adotou-se como método uma cartografia errante (Jacques, 2012), senão mais irreverente e autoral. Assim como uma proposta mais sensível de (re)leitura do espaço festivo (festivografia) e de um debate mais contemporâneo sobre o papel da cultura no desenvolvimento de muitas cidades do Centro-Oeste brasileiro.
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