"Interseccional(c)idade"
O corpo no centro da festa de rua de música eletrônica
Palavras-chave:
festa de rua, música eletrônica, interseccionalidade, direito à cidade, corpografiaResumo
O presente trabalho apresenta uma reflexão sobre a mediação interseccional (Crenshaw, 2013; Akotirene, 2019) na prática do direito à cidade (Lefebvre, 2001), a partir da ocupação dos espaços públicos com eventos musicais. Para isso, é considerada a cena das festas de rua realizadas por coletivos independentes de música eletrônica em Porto Alegre (POA), no Rio Grande do Sul, Brasil. Assim, tendo a cartografia (Rolnik, 2006), a corpografia (Britto e Jacques, 2008) e a roleta interseccional (Carrera, 2021) como inspirações metodológicas, o artigo traz um mapeamento dos atravessamentos interseccionais bem como das táticas de resistência (Certeau, 1998) e reexistência (Achinte, 2009) às diversas formas de injustiça social. A análise foi realizada a partir de informações coletadas na observação participante de uma festa de rua majoritariamente realizada por e para pessoas trans, bem como em entrevista semiestruturada com um dos produtores do evento.
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