DOSSIÊ: BEM VIVER E FORMAÇÃO HUMANA

DIÁLOGOS, PESQUISAS E EXPERIÊNCIAS

Resumo

Os estudos referenciados no conceito de “Bem Viver” expõem críticas à teoria clássica do modelo de desenvolvimento ocidental e a outras formas de desenvolvimento que, associadas a alguns adjetivos, aparentemente indicam o respeito à Natureza. No entanto, não transpõem o modelo econômico capitalista ou de outras formas de exploração do meio ambiente e, especialmente, não rompem com a concepção de que a condição humana e a Natureza não devem estar separadas. O conceito de Bem Viver se respalda especialmente nas tradições indígenas da Abya Yala (Yampara,1995; Acosta, 2019), na proposição de bem estar da saúde e nas propostas de descolonização do saber (Quijano, 2013; Santos; Meneses, 2010; Lander, 2012).

No entanto, no Brasil há uma certa carência de bibliografia atualizada sobre o tema nos processos formativos e de produção de conhecimento nas universidades, tanto nos cursos de graduação como de pós-graduação. Fato que tem mudado, nas últimas duas décadas, em razão do ingresso de estudantes indígenas e afro-brasileiros, a partir das ações afirmativas e cotas, que interrogam o espaço acadêmico com novas propostas e novas leituras epistemológicas, não hegemônicas e inclusivas. Deste modo, a proposição de um dossiê sobre Bem Viver e formação humana foi pensada tendo como objetivo conhecer diálogos, pesquisas e experiências que, em alguma medida, têm se realizado a partir da crítica ao desenvolvimentismo, ao consumismo, à colonialidade, às formas de vida que têm estado em conflito com a própria condição humana pensada com/como natureza. Tal se revela de algum modo no conjunto de textos que compõem este dossiê.