DIREITO À SAÚDE E DIÁLOGOS INTERCULTURAIS: ESTADO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE A PARTIR DA ESCUTA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DE MATRIZES AFRICANAS NO DISTRITO FEDERAL E NO RECÔNCAVO DA BAHIA
Palavras-chave:
direito à saúde; comunidades tradicionais de matriz africana; multiculturalismo.Resumo
O direito à saúde revela-se um campo complexo do conhecimento, que dialoga com vários campos do saber e da realidade, a fim de garantir o direito de forma condizente com múltiplas necessidades e especificidades, visando alcançar justiça social. Este trabalho tem como objetivo realizar a escuta de líderes de comunidades tradicionais de matrizes africanas no Distrito Federal e no Recôncavo da Bahia e apontar os conhecimentos dessas populações em relação ao seu papel na comunidade local, às políticas públicas de saúde e ao papel do Estado frente à proteção dessas comunidades. A metodologia utilizada partiu de referenciais decoloniais, e buscou, a partir da estruturação de um projeto de extensão universitária, ouvir e registrar entrevistas com líderes de comunidades de terreiro. As entrevistas abertas giraram em torno de temas relacionados ao papel do Estado, políticas públicas, intolerância religiosa, saúde e meio ambiente. Concluímos que as comunidades tradicionais de matrizes africanas trazem elementos muito valiosos para repensarmos nossos paradigmas políticos e de cuidado com a saúde e o meio ambiente, que devem ser divulgados, ouvidos e incorporados para que possamos, quem sabe, cuidar da nossa população e do nosso meio ambiente de forma mais humana, integral, socialmente justa e ambientalmente sustentável.
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