ELEIÇÕES MUNICIPAIS: ESPELHOS OU PREDITORAS DAS DINÂMICAS PARTIDÁRIAS NACIONAIS? UMA ANÁLISE DA VOLATILIDADE ELEITORAL NAS CAPITAIS BRASILEIRAS (2000-2016)
Palavras-chave:
eleições legislativas; capitais; volatilidade; sistemas partidários; Brasil.Resumo
Em 2018, a eleição de Jair Bolsonaro por um partido inexpressivo mostrou que o sistema partidário brasileiro não era tão estável quanto parte da literatura especializada afirmava. Por meio de uma análise das eleições legislativas municipais, argumentamos que a relativa desinstitucionalização do sistema partidário nacional brasileiro, observada particularmente em 2018, tem suas raízes em mudanças da dinâmica política local observadas no período anterior a essas eleições. Considerando as eleições municipais de 2000 até 2016, dividimos a volatilidade eleitoral agregada em dois indicadores que distinguem transferências de votos de partidos tradicionais para novos (Volatilidade Tipo A) e transferências entre partidos existentes (Volatilidade Tipo B). Os resultados mostram que a Volatilidade Tipo A aumenta gradualmente em boa parte das capitais brasileiras nesse período, o que ilustra o ganho de espaço por partidos novos no âmbito subnacional previamente às eleições de 2018. Esse achado demonstra que a relativa instabilidade dos sistemas partidários subnacionais no Brasil, observada de forma geral nos últimos anos, se alastrou de forma mais contundente para as eleições nacionais de 2018. Dessa forma, o sistema partidário nacional não encontrou no nível local sistemas partidários que pudessem criar barreiras mais fortes ao surgimento de novos partidos e outsiders bem-sucedidos.
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