O MERCADO DA MORTE NO BRASIL

PROPAGANDA, SERVIÇOS E PRODUTOS QUE NEGAM A MORTE E SE APROXIMAM DA VIDA

Autores

Palavras-chave:

Mercado Funerário, Construção Social do Mercado, Sociologia Econômica, Viviana Zelizer, negação da morte

Resumo

O artigo busca fornecer elementos para a compreensão da consolidação do mercado funerário no Brasil nos anos 2000, considerando que este mercado teve que concorrer com o tabu existente em torno da morte. Sem negar a importância de variáveis objetivas (como diversificação de produtos e serviços), assumimos que variáveis culturais são fundamentais para entender a consolidação e crescimento desse mercado. Nosso argumento é que as empresas estariam ressignificando (por meio de produtos, serviços e propaganda) o tabu da morte; ou seja, mais do que um negócio, as empresas estariam transformando o enterro em um ritual simbólico de despedida. Não obstante, o mercado funerário se consolidou com um forte discurso de aproximação da vida e com a dissimulação da morte, assim como a negação da morte como negócio. Esta hipótese inspira-se na pesquisa de Viviana Zelizer, sobre a consolidação do mercado de seguros de vida nos Estados Unidos. Nossa metodologia foi a coleta de dados sobre produtos, serviços e propaganda em sites das empresas, com destaque para a empresa funerária SINAF.

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Biografia do Autor

Maria Chaves Jardim, Universidade Estadual Paulista - UNESP

Professora Livre Docente do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Araraquara. Bolsista Produtividade CNPQ. Líder do NESPOM-UNESP/UNESP e colabora com o NESEFI-UFSCar.

Sidnei Ferreira, Universidade Estadual Paulista - UNESP

Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Araraquara.

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Publicado

2023-05-31