PERMANÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: UM ESTUDO PARA UMA COORTE DE INGRESSANTES COTISTAS E NÃO COTISTAS NA UFRN
Palavras-chave:
ações afirmativas; ensino superior; permanência universitária; UFRN.Resumo
O presente estudo tem como objetivo analisar os diferenciais na permanência de uma coorte de alunos cotistas e não cotistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Por meio de dados do Observatório da Vida do Estudante Universitário (OVEU), que representa um centro de informações estatísticas sobre os estudantes que entram na UFRN, foi possível acompanhar a trajetória escolar para uma coorte de 5.633 estudantes matriculados em 2014 em 86 cursos/turnos de graduação da instituição, durante cinco anos. A coorte 2014 foi a escolhida por ser a primeira com ingresso integral via Sistema de Seleção Unificada (SISU) e após a implementação da Lei Federal n.º 12.711/2012. Também chamada Lei de Cotas, ela também determinou a reserva de vagas para estudantes que cursaram o Ensino Médio integralmente na rede pública, oriundos de família de baixa renda e autodeclarados pretos, pardos e indígenas. Para o alcance do objetivo proposto, foram utilizados modelos de análise de sobrevivência para acompanhamento da permanência da coorte, em que o “cancelamento” foi definido como o evento a ser investigado; “trancado” e “concluído” foram definidos como censuras, e “ativos” como os alunos que se encontravam em seguimento. Entre os principais resultados, verificou-se que, considerando os alunos matriculados em cursos classificados como de “alto prestígio social”, não houve diferença estatisticamente significante quanto à permanência de cotistas e de não cotistas. Já nos grupos de alunos de cursos considerados de “menor prestígio social”, observou-se diferença estatisticamente significante entre alunos que ingressaram via ampla concorrência e por meio de reserva de vagas.
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