ENSINO SUPERIOR E DESIGUALDADES SOCIAIS: CARACTERÍSTICAS DOS ESTUDANTES DA UFRB POR GRAU DE PRESTÍGIO DE SEUS CURSOS
Palavras-chave:
Ensino Superior, desigualdades sociais, políticas de ações afirmativas, prestígioResumo
O ensino superior brasileiro é marcado por um conjunto de desigualdades que, praticamente, excluíram diversos grupos sociais de seu acesso. Nosso contexto político educacional sofre grandes transformações com a inclusão das políticas de ações afirmativas, dentre elas a lei 12.711/2012, também conhecida como lei de cotas. Assim, surge o seguinte questionamento, com a implantação de políticas afirmativas, principalmente as reservas de vagas por cotas, o perfil dos discentes da UFRB tem se democratizado ou se mantiveram as relações de reprodução das desigualdades? Nosso objetivo é analisar os cursos, divididos por grau de prestígio, para verificar se houve a democratização das vagas e do perfil de alunos ou se o ensino superior, aqui representadopela UFRB, permanece associado a grupos socialmente privilegiados. Especificamente, pretendemos examinar como se compõem os prestígios das ocupações, priorizando o contexto sócio-histórico brasileiro; classificar os cursos da UFRB segundo o grau de prestígio; analisar como se configura o perfil dos discentes, ao longo da série histórica, relacionando-o a dados como índices de ingresso, evasão e conclusão; e, comparar o perfil dos discentes da UFRB com o perfil obtido a partir do total de estudantes matriculados em universidades públicas, situadas na Bahia. Para isso, utilizamos os dados do Censo do Ensino Superior, entre os anos de 2014 e 2018 e analisados de forma descritiva. As conclusões apontam que a UFRB é uma das universidades na Bahia quemais matriculam alunos aprovados por cotas, o que ajuda a compor seu perfil majoritariamente formado por mulheres, negras e de origem em escola pública. Entretanto, os dados apontam que os discentes, nesta mesma universidade, formam menos e desistem mais,quando comparados com a média do estado da Bahia.
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