DIÁLOGOS ENTRECRUZADOS SOBRE SAÚDE, TRABALHO E TERRITÓRIO: EXPERIÊNCIAS DE PESCADORAS INSERIDAS NO MOVIMENTO DE PESCADORES E PESCADORAS (MPP) E NA ARTICULAÇÃO NACIONAL DE PESCADORES E PESCADORAS (ANP)

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Resumo

RESUMO: O artigo analisa as ações, reivindicações e desafios enfrentados por
pescadoras que participam dos movimentos sociais de pescadores e pescadoras
vinculadas à Articulação Nacional dos Pescadores (ANP) e Movimento de Pescadores e
Pescadoras do Brasil (MPP), tanto nas ações e atividades cotidianas em seus lugares de
origem quanto participando de ações desenvolvidas por essas organizações. O objetivo é
mostrar que, apesar das diferenças de contextos ambiental, social e econômico, elas estão
sujeitas a problemas comuns que remetem à desigualdade de gênero no acesso a recursos
e renda. Tais problemas têm relação com valores culturais e fatores políticos que geram
desigualdades de gênero e desvalorização do trabalho das mulheres na pesca. Essa
situação é agravada pela falta de políticas públicas para o setor pesqueiro artesanal, que
compete de forma desigual com outros agentes da cadeia produtiva da pesca. Os dados
analisados resultam de pesquisas que abordam o tema da participação de pescadoras nos
movimentos sociais de pescadores e pescadoras artesanais no âmbito nacional. A análise
está ancorada no conceito de gênero elaborado por Marylin Strathern (2006), de
movimentos sociais, construído por Glória Gohn (2006) e de identidade, utilizado por
Arturo Escobar (2010). Os dados analisados foram coletados com uso de metodologia
que utiliza métodos quantitativos e qualitativos, realização de entrevistas, conversas
informais e aplicação de questionários com pescadoras, usando plataformas virtuais de
comunicação e telefone; coleta de dados secundários por meio de consultas a sites, blogs e documentos produzidos pelo MPP, ANP e instituições colaboradoras como a CPP.
Realizamos entrevistas com 10 (dez) pescadoras de diversas regiões do Brasil, que
participam de ações desenvolvidas pelo MPP e ANP, as quais realizam diferentes tipos
de pescas em suas comunidades. A análise das narrativas aponta para temas comuns que
elas vivenciam no seu cotidiano de trabalho, relacionados à saúde, à luta em defesa dos
territórios pesqueiros; ao preconceito arraigado socialmente de que pesca é uma atividade
masculina (valores culturais). Suas falas evidenciam que apesar dos desafios enfrentados,
elas têm conseguido afirmar sua identidade de pescadora e o seu reconhecimento como
uma categoria de trabalhadora da pesca. Esse avanço se deve às estratégias criadas por
elas mesmas, para conseguir se organizar politicamente. Sua participação nos
movimentos sociais de pesca em nível nacional e local supõe práticas e elementos que
são acionados de forma positiva para afirmar uma identidade que remete a um coletivo,
que agrupa diversas identidades em torno de um movimento coletivo.

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Referências

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Publicado

2021-11-28