PRESSUPOSTOS PARA UMA CRÍTICA DO CONCEITO DE IDENTIDADE NACIONAL – GLOBALIZAÇÃO, REVISIONISMO HISTÓRICO E OUTRAS PAISAGENS DE IDENTIFICAÇÃO. TRÊS DIMENSÕES DE UMA CRISE CONTEMPORÂNEA

Autores

  • Wanderson Barbosa dos Santos Universidade de Brasília– UnB

Resumo

O objetivo deste ensaio é examinar as remodelagens do conceito de nação a partir da produção teórica a respeito da globalização, da historiografia das nações e dos estudos culturais. Nessa perspectiva, investigaremos a questão da crise das identidades nacionais a partir dessas três hipóteses de trabalho. A primeira, que a globalização que avançou no cenário da década de 1990 impõe um princípio para a crise do Estado-Nacional, na medida em que tensiona os conceitos tradicionais no qual a nação está ancorada, a saber, as noções de espaço e tempo. Em segundo lugar, argumentaremos que o campo de estudo da historiografia das nações, de forma sintomática, traduz a crise da identidade nacional através do questionamento e revisionismo de suas narrativas comuns, ou seja, a partir da desconstrução da imagem da nação produz visões alternativas e representativas. A terceira dimensão, os estudos culturais e as outras possibilidades de identificação contribuem para a compreensão de outras paisagens culturais de representatividade identitária.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

ANTONIOU, Giorgos. The lost Atlantis of objectivity: the revisionist struggles between the academic and public spheres. History and Theory, Wesleyan University, Middletown, v. 46, n. 4, p. 92-112, dez. 2007.

AVILA, Arthur de Lima. A história em tempos de guerras culturais: o passado do oeste norte-americano e a luta pública para definir a América nas décadas de 1980 e 1990. Anos 90, Porto Alegre, v. 18, n. 33, p. 243-20, jul. 2011.

BENHABIB, Seyla. The Generalized and the Concrete Other. The Kohlberg-Gilligan Controversy and Moral Theory. Autonomy, Feminism and Postmodernism. 1985.

BENHABIB, Seyla. Sexual difference and collective identities: the new global constellation. Signs: Journal of Women in Culture and Society, Boston, Northeastern University, v. 24, n. 2, p. 335-361, 1999.

BENHABIB, Seyla. The rights of others: Aliens, residents and citizens. Conference on “Migrants, nations and Citizenship.†Cambridge: Cambridge University Press, 2004.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. In: BENJAMIN, Walter. Magia, técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 2012.

BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexoâ€. In: LOURO, Guacira Lopes (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2000 [1993].

CASTELLS, Manuel. Paraísos comunais: identidades e significado na sociedade em rede. In: CASTELLS, Manuel. O poder da identidade: a era da informação. 9 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018.

SANTOS, Boaventura de Souza. Os processos de globalização. In: SANTOS, Boaventura de Souza (Org.). A globalização e as ciências sociais. São Paulo: Cortez, 2002.

FORJAZ, Maria Cecília Spina. Globalização e crise do Estado Nacional. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 40, n. 2, p. 38-50, 2000.

FUKUYAMA, Francis. The end of History? The National Interest, n. 16, p. 3-18, 1989.

FURTADO, Celso. Globalização das estruturas econômicas e identidade nacional. Estudos avançados. São Paulo, v. 6, n. 16, p. 55-64, 1992.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: Editora Lamparina, 2019 [1992].

HALL, Stuart. Quem precisa da identidade? In: SILVA, Tomaz Tadeu (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Editora Vozes, 2014 [1996].

HOBSBAWM, Eric. Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.

HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Editora 34, 2009a.

HONNETH, Axel. A textura da justiça – sobre os limites do procedimentalismo contemporâneo. Revista Civitas. Porto Alegre, v. 9, n. 3, p. 345-368, set./dez. 2009b.

IANNI, Octavio. Globalização: novo paradigma das ciências sociais. Estudos Avançados. São Paulo, v. 8, n. 21, p. 147-163, mai./ago.1994.

IANNI, Octavio. O Estado-Nação na época da globalização. Revista Novos Rumos. Marília, ano 14, n. 31, p. 18-24, 1999.

KURZ, Robert. One World e nacionalismo terciário. In: KURZ, Robert. Os últimos combates. Petrópolis: Vozes, 1997. p. 53-66.

LANDER, Edgardo. Ciências Sociais: saberes coloniais e eurocêntricos. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.

MIGNOLO, Walter. The allocation and relocation of identities: Colonialism, Nationalism, Transnationalism. Mester, Los Angeles, v. 27, n. 1, p. 1-16, 1998.

ORTIZ, Renato. A polissemia das palavras. In: ORTIZ, Renato. Universalismo e diversidade: contradições da modernidade-mundo. São Paulo: Boitempo, 2015.

RENAN, Ernest. Que é uma nação?. Tradução: Samuel Titan Junior. Plural: Revista de Ciências Sociais (USP), São Paulo, v. 4, n. 1, p. 154-175, 1997 [1882].

RICUPERO, Rubens. A resiliência do Estado Nacional diante da Globalização. Estudos Avançados, v. 22, n. 62, p. 129-144, 2008.

Downloads

Publicado

2021-05-30