A “BOA COMBINAÇÃO” ENTRE GÊNERO E SOCIOLOGIA ECONÔMICA: UMA (RE)LEITURA DOS MERCADOS INSPIRADA EM VIVIANA ZELIZER

Maria Chaves Jardim; Lucas Flôres Vasques

Autores

Maria Chaves Jardim Universidade Estadual Paulista (UNESP).
Lucas Flôres Vasques Universidade Estadual Paulista (UNESP).

Resumo

A sociologia econômica, após a década de 1990, tem se aberto para novas frentes de investigação, sendo uma delas o gênero. Apesar dessa abertura, Richard Swedberg afirmou, em artigo de 2004, que havia uma ‘lacuna’ histórica no tratamento dos temas de gênero em sociologia econômica. Essa tese foi corroborada na ocasião por Viviana Zelizer, para quem a Sociologia dos fenômenos econômicos tem centrado seu escopo de análise em temas institucionais, excluindo qualquer análise de gênero. Em diálogo com essas teses, o artigo busca um primeiro mapeamento sobre os estudos recentes feitos por sociólogos da economia no Brasil, os quais tocam na questão de gênero. A metodologia aplicada foi o levantamento lexicográfico na base de dados da SciELO entre 1997-2019, por meio do termo “sociologia econômica”. Os resultados indicam a centralidade de Zelizer nesta agenda de pesquisa e um avanço considerável no tema; contudo, quando relacionado com os temas de pesquisa mais mainstream, a temática gênero continua como um tema não convencional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Chaves Jardim, Universidade Estadual Paulista (UNESP).

Professora livre-docente do Departamento de Ciências Sociais da UNESP de Araraquara. Líder do NESPOM (Núcleo de Pesquisa sobre emoções, sociedade, poder, organização e mercado).

Lucas Flôres Vasques, Universidade Estadual Paulista (UNESP).

Graduando em Ciências Sociais pela UNESP de Araraquara. Membro-pesquisador do NESPOM (Núcleo de Pesquisa sobre emoções, sociedade, poder, organização e mercado).

Referências

ABRAMOVAY, R. Entre Deus e o diabo: mercados e interação humana nas ciências sociais. Tempo Social, v. 16, n. 2, p. 35-64, nov. 2004.

CAMARGO, B.; JUSTO, A. IRAMUTEQ: Um Software Gratuito para AnÃ¡lise de Dados Textuais. Temas em Psicologia, v. 21, n.2, 2013.

ENGLAND, P.; FOLBRE, N. Gender and Economy. In SWEDBERG, R. SMELSER, N. The Handbook of Economic Sociology. New Jersey: Princeton University Press. 2005.

GARCIA-PARPET, M. "A gÃªnese social do homo-economicus: a ArgÃ©lia e a sociologia da economia em Pierre Bourdieu." Mana. 12.2 (2006): 333-357.

GRANOVETTER, M. Economic action and social structure: the problem of embeddedness. American Journal of Sociology, n. 90, 1985.

GUIMARÃES, Nadya Araujo. Casa mercado, amor e trabalho, natureza e profissão: controvérsias sobre o processo de mercantilização do trabalho de cuidado. Cadernos Pagu, n.46, p. 107-128, jan./abr. 2016.

GUMARÃES, Nadya; HIRATA, Helena; SUGITA, Kurumi. Cuidado e cuidadoras: o trabalho de care no Brasil, França e Japão. Sociologia & antropologia, v.1, n.1, jan./Jun. 2011.

GUIMARÃES, N. et al. A negociação da Intimidade, dez anos depois. Entrevista com Viviana Zelizer. Tempo Social, v.29, n. 1, p. 191-209, 2017.

FLÔRES, L. As emoções da mulher executiva na doxa empresarial brasileira. Monografia (graduação em Ciências Sociais) – Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, Universidade Estadual Paulista. Araraquara. 2019, No prelo.

HIRATA, H. Globalização, Trabalho e Gênero. Revista Políticas Púbicas, v. 9, n. 1, p.111-128, jul. /dez. 2005.

ILLOUZ, E. Amor nos tempos e Capitalismo. Jorge Zahar: Rio de Janeiro. 2011

JARDIM, M; CANDIDO, Silvio. A sociologia econômica nos Estados Unidos: principais autores, conceitos e debates. Revista brasileira de informação bibliográfica em Ciências Sociais-BIB, São Paulo, n. 88, p. 1-23, 2019.

JARDIM, M; CAMPOS, R. A Construção social dos mercados e a crítica da Ciência Econômica. REDD – Revista Espaço de Diálogo e Desconexão, Araraquara, v. 4, n. 2, jan./jul. 2012.

JARDIM, M; MOURA, P. Aplicativos, afetos e emoções: a construção social do mercado de aplicativos. Revista TOMO, n. 30, jan./jun. 2017.

JARDIM, M. Para além da fórmula do amor. Revista Política e Cultura. Universidade Federal de Santa Catarina (2019, no prelo).

LEITE, E. De dispositivo de prescrição às racionalidades cotidianas: o orçamento doméstico e familiar no Brasil. Revista TOMO, n. 30, jan./jun. 2017

LEME, Maria Carolina da Silva; WAJNMAN, Simone. "TendÃªncias de coorte nos diferenciais de rendimento por sexo". In: HENRIQUES, Ricardo (Org.). Desigualdade e pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA, 2000, p. 251-270.

MAIA, Marcel. Limites de gênero e presença feminina nos cursos superiores brasileiros do campo da computação. Cad. Pagu, n.46, jan./abr. 2016.

MIGUEL, Antonia Celene. Familismo, Maternalismo e Políticas Sociais: o caso da política nacional de microcrédito do governo Lula. 2015. 299 f. Tese (Doutorado), Programa de Pós Graduação em Ciência Política, Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2015.

PACKER, A. et al. SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica. Ciência da Informação. Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998.

POLANYI, K. A grande transformação: as origens de nossa época. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2000.

RAUD-MATTEDI, C. Análise crítica da Sociologia Econômica de Mark Granovetter: os limites de uma leitura do mercado em termos de redes e imbricação. Revista Política e Sociedade, n.6, p. 59 – 82, abr. 2005.

RONKAINEN, Meija Karoliina. Moralidades sobre o dinheiro no cotidiano infantil: Os papeis de produtor, distribuidor e consumidor. 2018. 159 f. Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-graduação em Sociologia, Instituto de Filosofia, Sociologia e Política, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018.

SILVA, Géssika Cecília Carvalho da. Eu quero, eu posso?: implementação e efetividade de políticas públicas: um estudo do Programa Trabalho e Empreendedorismo da Mulher em Pernambuco. 2015. 212 f. Tese (Doutorado), Programa de Pós-graduação em Sociologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2015.

SIMMEL, Georg. “Sociabilidade – um exemplo de sociologia pura ou formal,”. In: Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.

SIMMEL, Georg. Subjective Culture. In: On Individuality and Social Forms. Chicago. The University of Chicago Press., 1971.

SWEDBERG, R. Sociologia econômica: hoje e amanhã. Tempo Social, v. 16, n. 2, p. 7-34, nov. 2004.

VEBLEN, T. Why is economics not an evolutionary science? The Quarterly Journal of Economics, v. 12, n. 4, p. 373-397, jul. 1898.

VEBLEN, T. A teoria da classe ociosa: um estudo econômico das instituições. São Paulo: Nova Cultural, 1899.

ZELIZER, V. A gendered division of, Economic Sociology. European Electronic Newsletter, ISSN 1871-3351, v. 1, Iss. 3, p. 2-5, 2000.

____________, â€œEnter cultureâ€. In: GUILLEN, Mauro et al. (eds.). The new economic sociology. Nova York, Russell Sage Foundation, p. 101-125, 2002.

___________. Dualidades perigosas. Mana, v.15, n.1, p.237-256, 2009a.

____________. Dinheiro, poder e sexo. Cadernos Pagu, n. 32, p. 135-157, 2009b.

___________. A negociação da intimidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

___________ A. The social meaning of money. Princeton University Press, 2017.

____________. Guimarães, N. A., Vereta-Nahoum, A., Neiburg, F., & Freire-Medeiros, B. (2017). A negociação da intimidade, dez anos depois: Entrevista com Viviana Zelizer. Tempo Social, 29(1), 190-209.