LUTE COMO UMA MULHER NEGRA: DO SINDOMÉSTICO AO COLETIVO DE MULHERES CREUZA MARIA OLIVEIRA

Autores

  • Sintia Araújo Cardoso Universidade Federal da Bahia (UFBA)
  • Ângela Figueiredo Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Resumo

O presente artigo é parte da dissertação de mestrado cujo objetivo é retratar a experiência de luta e de mobilização das trabalhadoras domésticas através da atuação do Coletivo de Mulheres Creuza Maria Oliveira. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho etnográfico, tendo como técnica a observação participante realizada em reuniões do Sindoméstico e do coletivo e, como instrumentos de coleta de dados, utilizamos a entrevista semiestruturada e a análise de documentos, publicações e arquivos do Sindoméstico, realizados no período de abril de 2016 a dezembro de 2018. Como resultado da pesquisa apresenta-se que o coletivo de mulheres Creuza Maria Oliveira surge como um instrumento de mobilização para fortalecer o Sindoméstico. As ações de formação do coletivo não se reduzem à abordagem sobre os direitos e deveres das trabalhadoras domésticas; trata-se também, nas reuniões, de aspectos da vida cotidiana, tais como: violência, combate ao racismo, empoderamento feminino e autoestima. O coletivo promove curso de alfabetização e incentivo à escolarização, cursos profissionalizantes, e há o entendimento sobre a intersecção das categorias de gênero, raça e classe, que atravessa o surgimento e as práticas cotidianas do Sindicato bem como do Coletivo de Mulheres, o que faz com que as diretoras do Sindoméstico entrevistadas se entendam como “feministas da prática”.

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Biografia do Autor

Sintia Araújo Cardoso, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Mestra em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismos (PPGNEIM/UFBA).

Ângela Figueiredo, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Doutora em Sociologia (IUPERJ). Docente pesquisadora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e coordenadora do Coletivo Angela Davis.

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Publicado

2019-11-29