Potencial invasor de tilápia (Oreochromis niloticus) em microbacias hidrográficas do Nordeste paraense, Amazônia, Brasil
Resumo
Resumo: A criação de peixes não nativos em sistemas abertos é uma atividade ilegal no Estado do Pará
desde 2005, visto que o escape de espécimes para corpos d’água naturais pode promover impactos
ambientais negativos. Contudo, alguns piscicultores continuam com essa prática, alegando um melhor
retorno econômico em relação às espécies nativas, principalmente na produção de tilápia (Oreochromis
niloticus) em tanques-rede de pequeno volume. O objetivo deste estudo foi avaliar o potencial invasor da
tilápia em microbacias hidrográficas da mesorregião Nordeste do Estado do Pará. A ferramenta analítica
Fish Invasiveness Screening Kit (FISK) foi utilizada para aferir o potencial invasor da espécie, sendo
preenchida com informações obtidas em revisão de literatura e entrevistas com piscicultores, extensionistas
rurais e pesquisadores. Este protocolo tem pontuação que varia de -11 a 54, onde valores menores do que
1 indicam baixo risco de invasão, valores entre 1 e 18,9 representam médio risco e valores maiores do que
19 indicam alto risco de invasão. A tilápia obteve pontuação 23, sendo classificada como uma espécie não
nativa de alto potencial invasor, em que o histórico invasor e os impactos da introdução foram os fatores
que mais contribuíram para essa categorização. Concluiu-se que, embora não exista população
estabelecida ou impactos ambientais negativos nas microbacias hidrográficas do Nordeste paraense
causados por Oreochromis niloticus, a espécie possui alto potencial invasor, o que respalda a legislação
aquícola estadual em vigor.
Palavras chave: Piscicultura, Espécies não nativas, Bioinvasão.
Downloads
Referências
Attayde, J. L., Okun, N., Brasil, J., Menezes, R. &
Mesquita, P. (2007). Impactos da introdução da
tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus, sobre a
estrutura trófica dos ecossistemas aquáticos do
Bioma Caatinga. Oecologia Brasiliensis, 1, 450-461.
Brabo, M. F. (2014). Piscicultura no Estado do
Pará: situação atual e perspectivas. Actapesca, 2,
-7.
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (1998). Portaria nº 145, de
de outubro de 1998. Estabelece normas para a
introdução, reintrodução e transferência de
peixes, crustáceos, moluscos, e macrófitas
aquáticas para fins de aquicultura, excluindo-se
as espécies animais ornamentais. Diário Oficial
da União. Brasília/DF.
Conselho Nacional de Meio Ambiente (2009).
Resolução nº 413, de 26 de junho de 2009.
Estabelece normas e critérios para o
licenciamento ambiental da aquicultura, e dá
outras providências. Diário Oficial da União.
Brasília/DF.
Brasil. Ministério da Pesca e Aqüicultura (2013a).
Boletim estatístico de pesca e aquicultura do
Brasil 2011 (60p). Brasília/DF: República
Federativa do Brasil.
Brasil. Ministério da Pesca e Aqüicultura (2013b).
Censo aquícola nacional, ano 2008 (336p).
Brasília/DF: República Federativa do Brasil.
Copp, G. H., Garthwaite, R. & Gozlan, R. E.
(2005). Risk identification and assessment of
non-native freshwater fishes: concepts and
perspectives on protocols for the UK. Cefas
Technical Report, 129, 32-45.
Copp, G. H., Vilizzi, L., Mumford, J., Fenwick, G.
V., Godard, M. J. & Gozlan, R. E. (2009).
Calibration of FISK, an invasiveness screening
tool for nonnative freshwater fishes. Risk Analysis,
, 457-467.
De Carvalho, L. R. H., Souza, L. A. R. & Cintra, A.
H. I. (2013). A aquicultura na microrregião do
Guamá, Pará, Amazônia Oriental, Brasil. Revista
de Ciências Agrárias, 56, 1-6.
Li, H. W. & Moyle, P. B. Domestication of the
carp Cyprinus carpio L. In: Kohler, C. C. & Hubert,
W. A. (1993). Inland fisheries management in
North America. American Fisheries Society, 287-
Lima Jr., D. P., Pelicice, F. M., Vitule, J. R. S. &
Agostinho, A. A. (2012). Aquicultura, política e
meio ambiente no Brasil: novas propostas e
velhos equívocos. Natureza e Conservação, 10,
-91.
Miranda, C. J., Mazzoni, R. & Silva, A. E.
C.(2010). Ocorrência da tilápia do Nilo
Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) na
microbacia do rio Mato Grosso, Saquarema,
Estado do Rio de Janeiro. Revista Saúde e
Biologia, 5, 47-50.
Nilsson, N. A. (1982). The niche concept and the
introduction of exotics (42, suppl.2, pp. 495-509).
Symposium on Stock Enhancement in the
Manegement of Freshwater Fish. Introductions
and transplantations.
Oliveira, C. R. (2009). O panorama da aquicultura
no Brasil: a prática com foco na sustentabilidade.
Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e
Sociedade, 2, 71-89.
Oliveira, S. E. A & Pereira, D. G. (2010).
Erradicação de espécies exóticas invasoras:
múltiplas visões da realidade brasileira.
Desenvolvimento e Meio Ambiente, 21, 173-181.
Ostrensky, A., Borghetti, J. R. & Soto, D. (2008).
Aquicultura no Brasil: o desafio é crescer (1 ed.,
p.) Brasília/DF: Secretaria Especial de
Aquicultura e Pesca da Presidência da República.
Pará. Governo do Estado (2005). Lei n° 6.713 de
de janeiro de 2005. Dispõe sobre a Política
Pesqueira e Aquícola no Estado do Pará,
regulando as atividades de fomento,
desenvolvimento e gestão ambiental dos recursos
pesqueiros e da aquicultura e dá outras
providências. Belém, PA: Diário Oficial do Estado.
Pará. Governo do Estado (2014). O Estado do
Pará. Recuperado em 14 de agosto de 2014 de
Pillay, T. V. R. (1993). Aquaculture Principles and
Practices (v.1, 575p). Oxford: Fishing News
Books: University Press.
Reaser, J. K., Galindo-Leal, C. & Ziller, S. R.
Visitas indesejadas: a invasão de espécies
exóticas. In: Galindo-Leal, C. & Câmara, I. D. G.
(Eds.) (2005). Mata Atlântica: biodiversidade,
ameaças e perspectivas. São Paulo: Fundação S.O.S. Mata Atlântica
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.