Racismo epistêmico: o silenciamento da filosofia africana antiga na metafísica de Aristóteles
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v25i2.5329Palavras-chave:
Racismo epistêmico; Filosofia; Silenciamento.Resumo
Este artigo, inserido dentro do campo interdisciplinar, composto por Filosofia e Linguística, tem como objetivo analisar o discurso filosófico aristotélico, especialmente na forma como esse discurso contribui para a construção do silenciamento e racismo epistêmico no que se refere a filosofia africana antiga (James, 2022; Obenga, 2004). Deste modo, sistematizamos o conceito de silenciamento discursivo (Orlandi, 1992), para investigar o racismo epistêmico (Grosfoguel, 2011; 2016; Noguera, 2014; Ocoró; 2020; 2021) presente na obra Metafísica de Aristóteles (2012). Assim, o silenciamento é concebido e aplicado pelo discurso filosófico de Aristóteles, por meio do não-dito, não-citado e não-referenciado, fundando assim uma forma de encarar os conhecimentos filosóficos egípcios como não tendo legitimidade filosófica, visto a sua não-referencialização na sistematização da filosofia em Aristóteles. Conclui-se então, que a relação entre racismo epistêmico e silenciamento discursivo causa apagamento histórico dos sujeitos negros/as como produtores de conhecimento, reverberando assim a consequências sociorraciais que vão de Aristóteles aos dias atuais.
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