A antropofagia como método decolonial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v25i2.5279

Palavras-chave:

Antropofagia; Oswald de Andrade; Vanguardas artísticas; Método decolonial; Crise ambiental.

Resumo

Neste trabalho, apresentamos os fundamentos do pensamento antropofágico, para defendê-lo como um dispositivo metodológico fecundo, a serviço da construção de um método decolonial. No item 1, descrevemos a disposição primitivista (posteriormente anticolonial) das vanguardas europeias, fundamentalmente o surrealismo e a relação do modernismo brasileiro com essas vanguardas. No item 2, a partir da análise dos manifestos “Pau-Brasil” e “Antropófago”, além da fortuna crítica acerca dos textos teóricos de Oswald de Andrade, traçamos uma breve história do movimento antropófago e apresentamos como o pensamento daí derivado pode servir para a construção de um método decolonial. Finalmente, no item 3, propomos o uso dessa metodologia como dispositivo ecocrítico adequado à reflexão sobre a presente crise ambiental. Acreditamos que o método antropofágico-decolonial, quando aplicado à crítica ambiental, oferece uma abordagem poderosa para repensar a relação da humanidade com o meio ambiente. Ao combinar a absorção e transformação cultural da antropofagia com a crítica estrutural do pensamento decolonial, este método sugere alternativas para enfrentar a crise ecológica que vão além das soluções tecnológicas convencionais, promovendo uma reconciliação entre modernidade e tradição, e entre humanidade e natureza.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcos Lentino Messerschmidt, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Doutor(a) em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre – RS, Brasil. Pós-doutorando(a) em Filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre – RS, Brasil.

Referências

ACOSTA, Alberto. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. Tradução Tadeu Breda. São Paulo: Autonomia Literária, Elefante, 2016.

ANDRADE, Oswald de. A utopia antropofágica. São Paulo: Globo : Secretaria de Estado de Cultura, 1990.

AZEVEDO, Beatriz. Antropofagia: Palimpsesto Selvagem. São Paulo: Editora SESI-SP, 2018.

BENJAMIN, Walter. O Surrealismo: O último instantâneo da inteligência europeia. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras escolhidas Volume I. Tradução Sérgio Paulo Rouanet; prefácio Jeanne Marie Gagnebin. 8ª edição. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987, p. 21-35.

BOPP, Raul. Vida e morte da antropofagia [recurso eletrônico, Kindle]. Apresentação de Régis Bonvicino. 2ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012.

BRETON, André. Ne visitez pas l'exposition coloniale. Atelier André Breton. Disponível em: https://www.andrebreton.fr/fr/work/56600100711050. Acesso em: 05 ago. 2024.

CAMPOS, Augusto de. Revistas Re-vistas: Os antropófagos. In: Poesia Antipoesia Antropofagia & Cia [recurso eletrônico, Kindle]. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Tradução Anísio Garcez Homem. Ilha de Santa Catarina: Letras Contemporâneas, 2020.

EGGER, Anne. La vérité sur les colonies. Atelier André Breton. Disponível em: https://www.andrebreton.fr/fr/work/56600100834880. Acesso em: 05. ago. 2024.

JACQUES, Paola Berenstein. Notas fugidias sobre nossa herança antropófaga. Redobra, n. 15, ano 6, p. 111-120, 2020.

LÖWY, Michael. O cometa incandescente: romantismo, surrealismo, subversão. São Paulo, 100/cabeças, 2021.

LÖWY, Michael; SAYRE, Robert. Anticapitalismo romântico e natureza: O jardim encantado [recurso eletrônico, Kindle]. São Paulo, Editora UNESP, 2021.

LÖWY, Michael; SAYRE, Robert. Revolta e melancolia: o romantismo na contracorrente da modernidade. São Paulo, Boitempo, 2015.

MESSERSCHMIDT, Marcos. A Filosofia como Luta pelo Futuro: Três Perspectivas para Lidar com a Crise Climática. Clareira: Revista de Filosofia da Região Amazônica. Volume 6, número 1-2, abril 2021, p. 39-49. Disponível em: https://periodicos.unir.br/index.php/clareira/article/view/6272/3864 Acesso em: 10 ago. 2024.

NUNES, Benedito. A antropofagia ao alcance de todos. In: ANDRADE, Oswald de. A utopia antropofágica. São Paulo: Globo: Secretaria de Estado de Cultura, 1990, p. 05-39.

ROLNIK, Suely. Antropofagia Zumbi. Lisboa: Oca Editorial, 2021.

ROLNIK, Suely. Subjetividade Antropofágica. Revista Concinnitas, 23(44), 132–149, 2022. https://doi.org/10.12957/concinnitas.2022.74750

STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil: Primeiros registros sobre o Brasil [recurso eletrônico, Kindle]. Introdução Eduardo Bueno. Tradução Angel Bojadsen. Porto Alegre: L & PM Editores, 2007.

STERZI, Eduardo. Saudades do mundo: Notícias da Antropofagia [recurso eletrônico, Kindle]. 1. ed. São Paulo: Todavia, 2022.

TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia & modernismo brasileiro: apresentação e crítica dos principais movimentos vanguardistas [recurso eletrônico, Kindle]. 1. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2022.

Downloads

Publicado

2025-06-20

Como Citar

MESSERSCHMIDT, Marcos Lentino. A antropofagia como método decolonial. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 25, n. 2, p. 274–288, 2025. DOI: 10.31977/grirfi.v25i2.5279. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/5279. Acesso em: 23 jul. 2025.

Edição

Seção

Artigos