Conhecimento e desapontamento: as bases teórico-metodológicas para o diagnóstico cavelliano da frustração epistemológica moderna
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v24i3.4901Palavras-chave:
Cavell; Ceticismo; Conhecimento; Critérios gramaticais; Linguagem comum.Resumo
Etapa substancial de The Claim of Reason, a crítica de Stanley Cavell a tradição epistemológica moderna é um empreendimento singular e intrincado, sustentado por diferentes intuições e estratégias. Em vista disso, o objetivo central do presente artigo é articular as principais bases teóricas e metodológicas que regem tal leitura dos procedimentos da epistemologia tradicional, e, com efeito, todo o projeto filosófico cavelliano, de forma a fornecer um alicerce imprescindível para aqueles que pretendem adentrar na obra do americano. São apresentados, assim, os fundamentos e métodos da filosofia da linguagem comum, herdados principalmente de Austin, e sofisticados por Cavell em Must We Mean What We Say?; as inovadoras teses acerca do problema cético moderno propostas por Thompson Clarke em O Legado do Ceticismo; e os princípios da heterodoxa interpretação cavelliana das Investigações Filosóficas de Wittgenstein, amparada pela análise dos critérios gramaticais. Assim postas lado a lado, as três ideias ajudam a esclarecer a hipótese inaugural de The Claim of Reason, de que a noção clássica de conhecimento enquanto certeza tem de estar equivocada. Por fim, a sugestão cavelliana alternativa de um conhecimento enquanto reconhecimento é brevemente abordada e localizada dentro do cenário mais amplo das teorias do conhecimento. Com isso, pretende-se mostrar que a crítica cavelliana tem como objetivo não apenas diagnosticar uma inquietação epistemológica nascida na modernidade, mas também argumentar que ela não pode ser eliminada com uma refutação do ceticismo, mas somente reconhecida através da aceitação de sua verdade.
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