Democracia e literatura no pragmatismo de Rorty
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v2i2.473Palavras-chave:
Democracia; Literatura; Ética; Rorty.Resumo
O pragmatismo de Richard Rorty possui como uma das suas peculiaridades o fato de atribuir plena relevância moral à literatura em detrimento da pretensiosa prescrição filosófica que põe a moral na linha reta da ética. Uma vez que as descrições filosóficas, de caráter universal, não são capazes de impelir indivíduos à progressão moral sem sugerir uma dada concepção política indesejável, Rorty compreende que a literatura, cujo vocabulário pretende esboçar as faces do particular, atende, melhor do que a própria filosofia, às nossas demandas éticas. Isso é possível porque as descrições literárias ambientam os indivíduos sob sua própria condição finita e contingente, o que desdobra a ampliação da lealdade e a progressão moral, através da menção à dor alheia. Nesse sentido, uma cultura que herde seu vocabulário moral da literatura pode realizar-se mais plenamente de modo a promover um maior grau de felicidade e erradicação dos sofrimentos de seus componentes do que uma cultura cuja orientação moral é fruto da
especulação metafísica. Nesse artigo, abordo esse anverso moral da literatura como elemento afim aos ideais éticos projetados na configuração democrática liberal.
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