A compreensão de Condillac da Loucura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v24i1.3575

Palavras-chave:

Condillac; Associação de ideias; Imaginação; Fisiologia; Loucura.

Resumo

No presente artigo, proponho examinar e explicitar a compreensão de Condillac da loucura e a relação desse fenômeno com o conceito de associação de ideias e com elementos de fisiologia. Nessa direção, concentro o escopo da investigação em duas obras do filósofo francês: o Ensaio sobre a origem dos conhecimentos humanos (1746) e o Dicionário de sinônimos (1951). Nos textos mencionados, o filósofo mobiliza uma concepção de loucura que está identificada com o desregramento da razão. O afastamento da razão, os erros e desvios do raciocínio encontram a sua chave explicativa no conceito de associação de ideias e na maneira com que essas se ligam na faculdade da imaginação. Todavia, no interior dessa explicação, se observa uma ambivalência acerca da fisiologia e do seu papel na configuração das experiências da loucura. Ora o filósofo atribui relevância aos argumentos de natureza fisiológica na compreensão das manifestações da loucura, ora relativiza a importância desses argumentos e a função da fisiologia na explicação dessas manifestações. Apesar dessa hesitação, fica estabelecido que a explicação condillaciana toma a associação de ideias como causa da loucura e não dissociada de um componente de natureza fisiológica. Uma vez identificada a gênese do desregramento da razão, o filósofo termina por sugerir um cuidado de ordem pedagógica como alternativa para prevenir a loucura e educar o espírito humano.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Kayk Oliveira Santos, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Doutorando(a) em Filosofia na Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador – BA, Brasil. Pesquisa desenvolvida com apoio da FAPESB.

Referências

CHARRAK, André. Empirisme et métaphysique: l’Essai sur l’origine dês connaissances humaines de Condillac. Paris: Editora Vrin, 2003.

CONDILLAC, Étienne Bonnot de. Dictionnaire des synonymes. In: CONDILLAC, Étienne Bonnot de. Oeuvres philosophiques de Condillac. Paris: Presses Universitaires, 1951. v. 3. p. 1-574.

CONDILLAC, Étienne Bonnot de. Tratado dos sistemas. Tradução de Luiz Roberto Monzani. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (Coleção os pensadores).

CONDILLAC, Étienne Bonnot de. Ensaio sobre a origem dos conhecimentos humanos. Tradução de Pedro Paulo Garrido Pimenta. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

D’ALEMBERT. verbete Colégio. In: PIMENTA, Pedro Paulo; SOUZA, Maria das Graças de (org.). Enciclopédia ou Dicionário razoado das ciências, das artes e dos ofícios. Tradução de Pedro Paulo Pimenta, Maria das Graças Souza e Luís Fernandes do Nascimento. São Paulo: Editora Unesp. v. 2. p. 63-72.

DEWAULE, Léon. Condillac et la Psychologie Anglaise Contemporaine. Paris: Editora. Ancienne Librairie, 1892.

FONTENELLE. Diálogos sobre a pluralidade do mundo. Tradução de Denise Bottmann. Campinas: Editora Unicamp, 2013.

FOULQUIÉ, Paul. A Psicologia contemporânea. São Paulo: Editora Companhia Nacional, 1969.

GOFFART, Alexandre. Les Esprits animaux. Revue néo-scolastique, [s.l.], n. 26, p. 153-172, 1900. Disponível em: https://www.persee.fr/doc/phlou_0776-5541_1900_num_7_26_1698. Acesso em: 20/09/2023.

LE ROY, G. La psychologie de Condillac. Paris: Boivin, 1937.

MONDOLFO, R. Un psicologo associazionista. Palermo, Editora: Remo Sandron, 1902.

PAGANINI, Gianni. Psychologie et physiologie de l'entendement chez Condillac. Dix-huitième Siècle, [s.l.], n. 24, Le matérialisme des Lumières, p. 165-178, 1992.

QUARFOOD, Christine. Condillac: La Statue et L´Enfant. Traduit par Yvette Johansson. Paris: Ed. L´Harmattan, 2002.

RICKEN, Ulrich. Linguistique et anthropologie chez Condillac. In: SGARD, Jean (ed.). Condillac et les problèmes du langage. Genève-Paris: Editions Slatkine, 1982. p. 75-93.

RICKEN, Ulrich. Condillac et le soupçon de matérialisme. In: FINK, Béatrice; STENGER, Gerhardt (ed.). Être matérialiste à l'âge des Lumières. [S.l.]: Presses Universitaires de France, 1999. p. 265-274. (Écriture). Disponível em: https://www.cairn.info/etre-materialiste-a-l-age-des-lumieres--9782130500070-page-265.htm. Acesso em: 20/09/2023.

THUILLEAUX, Michel. De la folie dans l’histoire philosophique à une compréhension philosophique de la folie. Histoire et histoires en psychiatrie, Toulouse, Questions de psychiatrie, p. 75-107, 1992. DOI: 10.3917/eres.mina.1992.01.0075. Disponível em: https://www.cairn.info/histoire-et-histoires-en-psychiatrie--9782865862078-page-75.htm. Acesso em: 20/09/2023.

YOLTON, John W. Dicionário Locke. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Editor, 1996.

Downloads

Publicado

2024-02-29

Como Citar

OLIVEIRA SANTOS, Kayk. A compreensão de Condillac da Loucura. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 24, n. 1, p. 50–61, 2024. DOI: 10.31977/grirfi.v24i1.3575. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/3575. Acesso em: 2 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos