Raça e a partilha colonial do sensível na obra de Achille Mbembe

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v23i2.3329

Palavras-chave:

Escravidão; Imaginário colonial; Linguagem; Partilha colonial do sensível; Raça; Violência racial.

Resumo

O objetivo deste ensaio é analisar as condições de possibilidade da escravidão e da violência antinegra, assim como da produção de significações raciais – do ser-negro – e das fantasias coloniais. Para isso, buscarei, majoritariamente, recursos conceituais na obra de Achille Mbembe, com auxílio de alguns conceitos de Jacques Rancière, de forma a tratar o que chamo de partilha colonial do sensível, analisando a relação entre a raça enquanto construção imaginária, significações raciais e a organização social da percepção e da sensibilidade que herdamos do colonialismo europeu. Assim, pretendo elaborar o sentido da ausência de enlutabilidade – nos termos de Judith Butler – e de crises éticas – nos termos de Denise Ferreira da Silva – na esteira da violência racial desde o tempo da escravidão, mostrando, também, como o tempo da liberdade não se constitui como ruptura profunda, pois não interditou a reorganização da linguagem e da imaginação sobre um mesmo fundo de negatividade inaugurado com o exercício soberano do poder colonial como um poder de não-ver e não-ouvir a humanidade negra.

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Biografia do Autor

Victor Galdino Alves de Souza, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

[1] Doutor(a) em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro – RJ, Basil. Pesquisador(a) de Pós-Doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro – RJ, Basil, com financiamento da Fundação Carlos Chaga Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (bolsa PDR10).

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Publicado

2023-06-18

Como Citar

DE SOUZA, Victor Galdino Alves. Raça e a partilha colonial do sensível na obra de Achille Mbembe. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 23, n. 2, p. 195–209, 2023. DOI: 10.31977/grirfi.v23i2.3329. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/3329. Acesso em: 19 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos