Hegel e a certeza sensível
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v21i1.2182Palavras-chave:
Hegel; Certeza sensível; Dialética; Mediação; Linguagem; Experiência.Resumo
O objetivo deste artigo consiste em acompanhar parte da trajetória da experiência da consciência na filosofia hegeliana, tomando como ponto de incisão a subseção “Certeza-sensível ou o isto ou o visar” da Fenomenologia do Espírito. Num primeiro momento, trataremos de expor o que Hegel denomina “consciência natural”, tomando por base seu dito “saber imediato”. Com isso, analisaremos a relação cognitivo-instrumental tecida entre a consciência e o objeto da consciência, notadamente quando o objeto é posto como essencial, a saber, como o “Isto”. Ao ser visado, o “Isto” revela-se como um “Isto-aqui-agora”, como algo que traz em si sua negação, isto é, como um processo de mediação ancorada na universalidade contida na particularidade. Essa noção de universal impõe à “consciência imediata” uma série de premissas que esta não poderia aceitar sob o risco de se descaracterizar. A principal dentre elas diz respeito à impossibilidade de dizer seu objeto e, por conseguinte, de aspirar a constituir-se enquanto conhecimento. Por fim, destacamos que o malogro instrutivo dessa primeira forma de saber que denomina a si mesmo uma “certeza” expõe o caráter pedagógico do procedimento dialético desenvolvido na Fenomenologia do Espírito: o da consciência que se aperfeiçoa com as ilusões que perde na imanência de suas experiências, de seus fracassos e superações, isto é, no próprio ato de experienciar.
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