Dignidade humana em Adam Smith: a conciliação entre liberalismo e moral
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v21i1.2121Palavras-chave:
Sentimentos morais; Simpatia; Liberalismo; Dignidade Humana.Resumo
A visão mainstream do século XX sugere que o filósofo e economista escocês Adam Smith fez uma defesa de teoria liberal pautada exclusivamente no individualismo tout court e no puro cálculo racional da economia. Sob essa ótica, liberalismo e ética sentimentalista seriam elementos totalmente dissociados e independentes no pensamento smithiano. Entretanto, consideramos que esta é uma interpretação enviesada que desconsidera a leitura conjunta de suas obras centrais The theory of Moral Sentiments (1759) e Wealth of Nations (1776), o que inviabiliza uma compreensão global do seu pensamento. Contra essa visão dominante, propomos, como objetivo central do presente artigo, a conciliação entre liberalismo clássico smithiano e sua ética sentimentalista, a partir da noção de dignidade humana presente no reconhecimento do outro como um igual. Se esta hipótese estiver correta, defenderemos a tese de um liberalismo simpático no sistema filosófico de Adam Smith. Para isso, inicialmente, analisaremos o sentimento de simpatia smithiano e sua interferência nas relações interpessoais e, em seguida, o dispositivo de justificação moral da imparcialidade enquanto promotora de comportamentos justos. Por fim, sustentaremos que o entrelaçamento desses dois elementos da ética sentimentalista smithiana, no espaço público, engendra uma noção de dignidade humana compatível com o seu liberalismo, na medida em que respeita as liberdades individuais ao mesmo tempo em que propicia o progresso das sociedades comerciais. Para isso, utilizaremos como fios condutores dessa pesquisa, a obra de Adam Smith Theory of Moral Sentiments e a análise interpretativa do filósofo norte-americano Stephen Darwall no artigo Sympathetic Liberalism: Recent Work on Adam Smith .
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